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Uso do cartão de crédito traz impacto nos preços dos produtos

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FOLHAweb

 

 

 

 

Alerta é do Banco Central, que identificou uma “sobreutilização” desse meio de pagamento no Brasil

O uso excessivo de cartão de crédito pelos brasileiros vem impactando o preço dos produtos no País. O alerta é do Banco Central (BC), que identificou uma “sobreutilização” dos cartões de crédito no Brasil, incentivada, principalmente, pelos benefícios ofertados pelas empresas que administram os cartões – entre eles, as milhas de viagens aéreas. Relatório anual divulgado pelo BC ontem, mostrou que a falta de transparência do custo desse instrumento também acaba, indiretamente, afetando o preço dos bens.

O relatório do BC mostra que houve aumento de 11% no uso de cartões de crédito e de 19% no débito

O vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, explica que o lojista tem custos para vender produtos no cartão de crédito, como o aluguel da máquina, a taxa de administração da bandeira do cartão, e uma taxa extra caso o comerciante queira receber à vista o produto que vendeu para o consumidor parcelado. Todos estes custos são embutidos no preço final dos produtos, o que encarece os preços para o consumidor.

O vice-presidente do Conselho Regional de Economia do Paraná (Corecon-PR), Eduardo Moreira Garcia, disse que, na verdade, não existem vendas parceladas no cartão de crédito sem juros. Isso significa que os juros já estão embutidos no preço final do produto.

Segundo o relatório, as transações não presenciais já representam 17% do total do faturamento com cartões de crédito. As transações com uso de chip do cartão alcançaram 77% em 2014. Já as operações capturadas com a leitura da tarja magnética dos cartões caiu de 14% para 5% no ano passado. O BC vê nesse movimento do mercado um avanço em segurança, já que as transações presenciais baseadas no acesso ao chip são mais seguras.

Em 2014, a soma do valor das transações com cartões de débito e cartões de crédito (considerando-se apenas as compras em parcela única) de R$ 593 bilhões foram equivalentes a 14% dos saques efetuados nas instituições financeiras. Para o BC, esse cenário demonstra que ainda há bastante espaço para que os pagamentos eletrônicos absorvam os pagamentos realizados em espécie, como nos pagamentos de salários.

O relatório mostra ainda que houve aumento de 11% no uso de cartões de crédito e de 19% no débito. Oliveira e Garcia concordam que o uso maior do cartão de débito é explicado porque o brasileiro quer se “livrar” do cartão de crédito em função do alto nível de endividamento das famílias e da crise econômica. “Está todo mundo tentando zerar as dívidas”, disse Garcia. “As pessoas estão evitando o cartão de crédito para não se endividarem ainda mais”, reforçou Oliveira.

O uso do cheque permaneceu em queda, com redução no volume de transações de 10% em 2014. A queda se deu, principalmente, nas transações de baixo valor, o que elevou em 8% o valor médio por cheque emitido, para R$ 2.414 em 2014. Oliveira disse que o cheque acaba sendo muito burocrático para o consumidor, já que o lojista tem que consultar a situação do cliente junto ao Serviço Central de Proteção ao Crédito antes de aprovar a compra.

No relatório, o BC lamenta que o mercado ainda não tenha sido capaz de atender a um pedido seu para a criação de um instrumento eletrônico de pagamento para substituir a utilização dos cheques em transações de alto valor. Sem dar uma data específica, a autoridade monetária disse que espera, em breve, que a liquidação final entre os bancos de todos os cheques, independentemente do valor, ocorra no dia seguinte ao do depósito na instituição bancária. (Com agências)