Procura pelo seguro-desemprego cresce 76% na primeira quinzena de maio
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Correio Braziliense
Dados do Ministério da Economia mostram que quase 1,5 milhão de trabalhadores já recorreu ao benefício desde o início da pandemia da covid-19
Os pedidos de seguro-desemprego dispararam em maio. Segundo o Ministério da Economia, 504,3 mil brasileiros pediram o seguro-desemprego só nos primeiros 15 dias deste mês. O número é 76% maior que o registrado no mesmo período do ano passado e levou para perto de 1,5 milhão o total de brasileiros que já precisaram socorrer ao benefício desde o início da pandemia de covid-19.
Balanço divulgado nesta quinta-feira (21/05) pelo Ministério da Economia revela que os pedidos de seguro-desemprego registrados na primeira quinzena de maio também superam em 4,9% as solicitações registradas na segunda quinzena de abril, quando o benefício já havia batido o recorde de 480,8 mil pedidos. O mês de maio, que marca o segundo mês do isolamento social no Brasil, já responde, portanto, por quase 18% de todos as solicitações de seguro-desemprego realizadas no país neste ano.
Ao todo, 2,84 milhões de brasileiros já ficaram sem trabalho e tiveram que recorrer ao seguro-desemprego no Brasil em 2020, segundo o Ministério da Economia. E a maior parte desses trabalhadores recorreram ao auxílio depois que a pandemia do novo coronavírus atingiu o país.
Dados do Ministério da Economia revelam que 1,48 milhão dos pedidos de seguro-desemprego já apresentados neste ano – isto é, 52% do total – foram recebidos a partir da segunda quinzena de março. E a própria pasta admite que o número de brasileiros que perderam o emprego durante a pandemia do novo coronavírus pode ser maior do que isso.
“Como o trabalhador tem até 120 dias para requerer o seguro-desemprego, é possível estimar que até 250 mil pedidos ainda possam ser realizados”, afirmou o Ministério da Economia nesta quinta-feira.
Especialistas dizem, contudo, que o número de trabalhadores que perdeu o emprego na pandemia, mas ainda não solicitou esse benefício pode ser ainda maior do que esse cálculo de 250 mil do governo. Afinal, também é preciso lembrar que as agências do trabalho passaram as últimas semanas fechadas na maior parte do país e nem todos os trabalhadores têm o hábito de pedir benefícios como o seguro-desemprego pela internet.
O Ministério da Economia garante, por sua vez, que tem havido um crescimento do número de pedidos de seguro-desemprego realizados pela internet. A pasta diz, por exemplo, que 77,5% das mais de 504 mil solicitações registradas na primeira quinzena deste mês foram feitas de forma virtual. E lembra que há várias formas de pedir o benefício sem se dirigir a uma agência do trabalho.
Hoje, é possível solicitar o seguro-desemprego pelo aplicativo da Carteira de Trabalho Digital, pela central telefônica 158 e pelo portal de serviços do governo federal. O aplicativo da Carteira de Trabalho Digital, por sinal, já registrou um aumento de 104,9% na quantidade de acessos durante a pandemia da covid-19, alcançando 19,44 milhões de acessos mensais, segundo a Dataprev.
Se ainda assim o trabalhador preferir fazer o pedido da forma tradicional, é recomendável checar se a agência de trabalho mais próxima da sua residência já voltou a funcionar. Isso porque o Decreto 10.329 de 28 de abril de 2020 definiu as atividades de processamento do seguro-desemprego como essenciais, o que contribuiu para a retomada do atendimento presencial.
É importante lembrar também que o seguro-desemprego atende os trabalhadores formais que foram demitidos sem justa causa. O benefício paga de três a cinco parcelas, que variam de R$ 1.045 a R$ 1.813 de acordo com o salário dos empregados. O primeiro pagamento costuma acontecer entre 31 e 60 dias depois da solicitação. Depois disso, as parcelas são liberadas a cada 30 dias.
Suspensão do contrato
Mesmo com a disparada dos pedidos do seguro-desemprego em maio, o governo federal diz que as medidas de proteção ao emprego anunciadas durante a pandemia do novo coronavírus têm sido eficientes e têm ajudado a evitar o aumento do desemprego no Brasil. É que mais de 8 milhões de trabalhadores já fizeram acordos de suspensão do contrato de trabalho ou de redução salarial desde a publicação da Medida Provisória (MP) 936. São trabalhadores que, segundo o governo, correriam grande risco de ficar desempregados durante a pandemia não fosse essa possibilidade, mas que agora estão recebendo uma parcela do seguro-desemprego para se sustentar e poderão retornar ao trabalho em breve. “A flexibilização trabalhista, junto com a complementação salarial, mostra que estamos conseguindo preservar o emprego de muitas pessoas”, afirmou o secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys.