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Presidente da S&P diz que Brasil precisa acabar com imposto em cascata

Publicado em:

Por: Karin Sato
17/04/08 – 09h07
InfoMoney

SÃO PAULO – Segundo a presidente da agência de classificação de risco Standard & Poors, Regina Nunes, em muitos segmentos de empresas, o custo do pagamento dos impostos, ou seja, os gastos que se tem com os trâmites legais e a legislação de difícil interpretação, equivale ao valor dos impostos. "É um dos principais problemas do País hoje", critica.

Em entrevista à InfoMoney, ela afirmou que "a burocracia penaliza a competitividade das empresas, que perdem ao concorrer com companhias de outros países, onde o pagamento de impostos não é em cascata".

Problema não é a carga
"Não cabe a uma agência de rating dar a fórmula de como deveria ser o sistema tributário brasileiro, mas dizer se a carga paga é suficiente para arcar com os investimentos do governo, verificando, também, se o País tem habilidade para pagar suas dívidas. O Brasil tem hoje uma carga alta em relação ao PIB [cerca de 37% do PIB]. Porém, muito mais importante é analisar o custo do pagamento de impostos às empresas".

A crítica voltou-se, principalmente, à cascata. "Há impostos que são pagos mais de uma vez para chegar ao produto final. Além disso, ainda que o empresário queira estar em dia com o Fisco, ele necessita ter uma visão do quanto irá precisar para arcar com a burocracia, além do valor em si dos impostos".

Estrutura tributária
Na avaliação de Regina, o governo gasta muito para manter a estrutura tributária do País, principalmente porque, com essa quantidade de pagamentos que o setor privado é obrigado a efetuar, são necessárias inúmeras fiscalizações diferentes.

E se o governo gasta muito, ele precisa cobrar muito também, o que o leva a aumentar a carga tributária. A presidente da S&P afirma que a sonegação seria combatida se a burocracia fosse reduzida. Além disso, aumentaria o nível de competitividade das organizações brasileiras, o que acarretaria redução dos preços ao consumidor e alta dos investimentos por parte do empresariado.

"Talvez, a arrecadação da Receita Federal até aumentaria. O investidor não tem medo do risco, e sim de não entender o risco", opina.

Reforma tributária
Sobre a
reforma tributária, ela sublinha que, certamente, os empresários devem ficar otimistas com relação aos impostos. "Se aprovada, ficará mais fácil de medir os riscos". Segundo ela, embora não haja atualmente uma previsão para a obtenção do grau de investimento, a redução das distorções no sistema tributário seria um passo importante. "O melhor caminho é diminuir os custos para as empresas operarem no Brasil", completa.