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Paraíba é maior produtor de leite de cabra do País

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O Estado investe também no beneficiamento da carne com a criação de frigoríficos-matadouros

Fernando Ivo

João Pessoa – A caprinovinocultura deixou de ser apenas atividade secundária na Paraíba e representa, em alguns municípios, uma das principais fontes de renda da população. O Estado é o quinto maior produtor do Nordeste com mais de um milhão de caprinos e ovinos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Investimentos nos últimos anos fizeram da Paraíba o maior produtor de leite de cabra do País, à frente, inclusive, de Minas Gerais e São Paulo.

É nesse cenário que, a partir desta terça-feira (6), às 20h, é aberto oficialmente a Feira Nacional (Fenacorte) e o Simpósio Internacional sobre Caprinos e Ovinos de Corte (Sincorte), no Espaço Cultural José Lins do Rego, em João Pessoa. São esperadas mais de 2,5 mil pessoas, além de palestrantes de 16 países. O evento é promovido pelo Sebrae na Paraíba, governo do Estado, Emepa, Faepa e Associação dos Produtores de Caprinos e Ovinos do Estado (Apacco). Serão realizados leilões, exposições, festival gastronômico e muitas palestras durante o evento que termina apenas na próxima sexta-feira (9).

De acordo com o diretor do Sebrae/PB, Luiz Alberto Amorin, o segmento tem conquistado espaço no interior do Estado, especialmente nas regiões semi-áridas. De baixo custo de manutenção e com grande poder de adaptação ao ambiente seco, os rebanhos de caprinos e ovinos estão concentrados no Cariri, Sertão e Curimataú. No Cariri, os rebanhos já são sinônimos de renda para pelo menos 20 municípios. Parte dessas comunidades possui usinas de beneficiamento de leite de cabra e até frigorífico-matadouro.

Segundo o pesquisador da Emepa, Wandrick Hauss, a Paraíba é uma das referências nacionais na área de caprinos e ovinos com uma das melhores genéticas de rebanho do País. De acordo com ele, investimentos feitos na área da caprinocultura de leite resultaram em aspectos positivos para o Estado. “Aqui, existe também a preocupação da manutenção de raças nativas, a exemplo da Canindé e da Moxotó”, disse.

Carne caprina

Com investimentos expressivos na área de corte da carne caprina, a iniciativa privada tem investido no segmento. Em outubro, foi instalado o Frigorífico Caprino no município de Mulungú, primeiro do segmento na região. Por dia, mais de 50 animais são abatidos, sendo a carne processada dentro das normas exigidas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária. No mês, são mais de 1,5 mil animais abatidos e a previsão é de que ainda no primeiro semestre de 2008 o número triplique.

“O mercado para a carne caprina e ovina é bom. Empregamos 22 pessoas e a carne beneficiada aqui é comercializada, além da Paraíba, para os estados de Pernambuco e Rio Grande do Norte”, disse Roberto Vilar, diretor técnico comercial do Frigorífico Caprino. De acordo com Vilar, os produtos já são comercializados em grandes redes de supermercado, a exemplo do Bompreço, e a perspectiva é de que o produto chegue também em outros estabelecimentos.

Ele explica que o frigorífico possui o certificado do Serviço de Inspeção Federal (SIF), com foco na venda de cortes especiais, como a picanha, o filé, o carré francês, a paleta e o pernil. “Compramos animais do Cariri, mas ainda falta organização da cadeia produtiva da caprinocultura para aumentarmos a produção por dia”, explica.

Mas não é apenas o setor privado que tem investido na área. Depois do leite, os produtores e associações querem investir na produção da carne caprina. O Consórcio Intermunicipal de Atividades Agrocupecuárias (Ciagro) já está com a infra-estrutura em acabamento e é resultado de um projeto que envolve municípios do Cariri e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Em pleno funcionamento, o frigorífico poderá fazer o abate de 100 animais por dia.

Produção

Com uma produção diária de 18 mil litros, a Paraíba é o maior produtor de leite de cabra do País. Em estados como o Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Minas Gerais, a produção é inferior a 10 mil litros. Por dia, são injetados na economia dos municípios mais de R$ 25 mil, sendo que mais de 90% dos recursos advêm do mercado governamental com os programas Conab, Fome Zero e Leite da Paraíba.

Os dados fazem mais do que colocar a Paraíba no topo deste ranking de produção leiteira de cabra: ajudam a tirar da realidade de pobreza uma região sofrida. É no Cariri, no Sertão e no Curimataú que a caprinocultura se tornou a principal atividade agropecuária e econômica. Pela região circulam mais de 420 mil cabras, bodes e ovelhas, das quais 25% são cabras leiteiras. Nas três regiões, 900 produtores de leite dependem da atividade e estão distribuídos em 32 associações que possuem, ainda, 10 pequenas usinas.

Simpósio e Feira Nacional

O Simpósio Internacional sobre Caprinos e Ovinos de Corte (Sincorte) pretende difundir novas tecnologias e conhecimentos para empresas e produtores de pequenas comunidades rurais, interagindo com os diversos elos da cadeia produtiva da caprinovinocultura. Segundo Luiz Alberto Amorim, diretor do Sebrae/PB, a expectativa é de que assim como o leite caprino, o beneficiamento de carne de caprinos e ovinos cresça em qualidade e quantidade.

Entre os temas a serem discutidos no simpósio, está a análise e tendências do mercado de carne ovina e caprina e a contribuição do melhoramento genético na produção de carnes de ovinos. Há também temáticas ligadas à forragecultura, nutrição e alimentação, reprodução, manejo e sistema de produção de animais. No Espaço Cultural, serão mais de 4,5 mil metros quadrados ocupados pelos eventos que contarão com 50 estandes de empresas nacionais e internacionais.

“É uma oportunidade ímpar na área de desenvolvimento e de inovação tecnológica e de se aprofundar a busca de novidades no setor tecnológico e melhoramento genético do caprino e do ovino”, disse Miguel Barreiro, presidente da Empresa de Pesquisa Agropecuária da Paraíba (Emepa). Apenas na parte de exposição, serão mais de 400 animais em sistema in door (organizados em espaço fechado), um dos primeiros do Nordeste. Haverá também sessões temáticas, científicas e exposições. O Sincorte e a Fenacorte recebem o apoio da Embrapa, CNPq, Fundação Banco do Brasil, Governo Federal, Finep, Adene, BNDES, UFPB, UFCG, Cinep, entre outros.

Serviço:
Sebrae/PB – (83) 3218-1000