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Novos aposentados trocam descanso pelo empreendedorismo

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FOLHAweb

 

 

 

Soma de pessoas com 55 anos ou mais que abrem negócios chega a 7% e decisão é tomada por identificação de oportunidade em 74% dos casos

O aumento ano a ano da expectativa de vida afasta cada vez mais a tendência de o brasileiro parar de trabalhar ao se aposentar. Do total de pessoas que abriram uma empresa nos últimos três anos, 7% têm 55 anos ou mais, segundo a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (Monitor de Empreendedorismo Global, ou GEM), elaborada pelo Sebrae e pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP).

Ainda, 74% deles abre uma empresa por oportunidade, e não por necessidade, índice maior do que os 71% da média geral. Para o presidente do Sebrae, Luiz Barretto, a pesquisa aponta que as empresas criadas por pessoas que identificam um nicho de mercado a ser explorado têm maiores chances de sobrevivência. “Essa motivação faz do novo negócio um empreendimento mais qualificado, com uma gestão mais organizada e competitiva.”

Quando se fala de empreendedores estabelecidos, que são os que receberam qualquer forma de remuneração como proprietários por mais de 42 meses, o número de pessoas com mais de 55 anos sobe para 16,7% do total. Consultor do Sebrae em Londrina, Rubens Fernandes Negrão afirma que a experiência de vida faz com que pessoas nessa faixa etária planejem mais. “Como são pessoas mais conservadoras, que não tomam decisões por impulso, a tendência é que a empresa tenha maior longevidade”, diz.

Negrão cita que quem empreende por oportunidade conta ainda com a vantagem de ter conhecimento e rede de contatos formada, independentemente de continuar na área em que trabalhou como funcionário. “Quando depende de negociação, de articulação, a experiência pesa.”

Por outro lado, o consultor diz que o trabalho de pesquisar oportunidades, analisar a viabilidade e o momento econômico, além de preparar uma gestão profissional devem ser os mesmo em qualquer idade. Ele lembra a necessidade de o empreendedor de maior idade não perder o bonde da tecnologia. “A tendência é que todos os processos migrem para a internet e é preciso estar atento”, alerta Negrão.

A presidente da regional de Londrina da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Adilséia Soriani Batista, diz que é comum o aposentado voltar ao mercado como consultor, para contribuir com o conhecimento adquirido ao longo do tempo. Para ela, as empresas perdem muito quando funcionários com boa qualificação se aposentam e poder recorrer a eles é sempre importante. “Essas pessoas (aposentados) preferem uma consultoria ou uma atividade na qual já não tenham mais aquela rigidez de horários”, afirma, ao comparar com o trabalho assalariado.

Adilséia acredita que o fato de a população envelhecer cada vez mais também serve de combustível depois da aposentadoria. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou no fim do ano passado que a expectativa de vida de um brasileiro nascido em 2012 é de 74,6 anos, bem acima dos 68,6 anos de 2000. “São pessoas que voltam ao mercado porque gostam e porque têm vontade de contribuir, de passar essa expertise ao mercado e aos mais jovens.”

Fábio Galiotto
Reportagem Local