Nota fiscal eletrônica gira R$ 13 trilhões e agita setor de TI
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DCI – Comércio, Indústria & Serviços
Grandes investimentos, no entanto, podem acabar onerando as pequenas empresas. Para José Maria Chapina Alcazar, presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis de São Paulo (Sescon-SP), a NF-e pode aumentar os gastos principalmente das pequenas empresas. "Para as pequenas é um investimento sem retorno", afirma Chapina.
A dificuldade dos micro, pequenos e médios empresários, bem como a comodidade e segurança para as grandes empresas é oportunidade de mercado observado pela Central de Custódia de Documentos Eletrônicos (CCDE). Motivada pela demanda de grandes empresas dos setores que já sofrem a obrigatoriedade da emissão da NF-e, a CCDE surge no mercado como uma empresa visionária de um cenário que deve sofrer com os "custos ocultos da NF-e", segundo Flávio Richieri, diretor-geral da CCDE.
"Algumas empresas precisaram ampliar em mais de 10% sua área fiscal apenas para corrigir erros e validar notas com gerentes de banco", afirma Richieri. Esta atividade, observada por enquanto entre grandes empresas, poderia ser fatal para micro e pequenas empresas, por exemplo.
A empresa, que presta serviços de armazenagem e distribuição de documentos eletrônicos, realiza atualmente a última fase de seu projeto pré-operacional atendendo a um grande cliente que demanda a gestão de mais de 1 milhão de notas fiscais mensais. Para Richieri, esta é a prova final de que a empresa conseguirá lidar com grandes volumes e chegar à meta estabelecida de faturar R$ 50 milhões até 2012.
"Para a pequena e média empresa, o mais importante é a oferta de guarda e disponibilidade dos documentos", explica Richieri, que chama atenção para o fato de que o grande problema da NF-e nas empresas está no retrabalho que ela gera, uma vez que é encaminhada via e-mail para os clientes. A gestão destes documentos internamente e o reenvio destas notas tem sido a grande armadilha deste recurso que pretende otimizar os processos fiscais no País.
"Normalmente quem emite muito tem muitos destinatários", explica Richieri. O executivo aponta que já existem economias identificadas a partir do serviço de custódia das notas fiscais. "Evitar contratações adicionais para atender as partes interessadas" é uma delas, segundo Richieri.
Conforme Marco Zanini, da NFe do Brasil, a solução Cloud NF-e representará 30% da receita da empresa este ano, e o plano é chegar a 70% do faturamento em dois anos. "A computação em nuvem é revolucionária porque permite ao usuário escolher a melhor e mais adequada solução à sua necessidade", comentou ele.
TI
No setor de Tecnologia da Informação (TI), empresas também alimentam expectativas com a NF-e. Alexandre Trevisan, presidente da Trevisan Tecnologia, empresa de softwares de gestão empresarial, afirma que 80% de sua base de clientes já aderiram à NF-e e que espera um incremento de receita de 15% este ano. "O principal ganho foi na fidelização de clientes", afirma. O módulo para gestão da nota fiscal foi incorporado aos produtos de sua base de clientes, o que teve prioridade sobre a conquista de novos clientes com o produto.
O executivo que atende empresas como a operadora TIM e a Braspress, afirma que a abrangência do módulo de NF-e tem crescido mais entre as pequenas e médias empresas.
Uma iniciativa voltada para micro e pequenas empresas faz da Intelecta, empresa que fornece software de gestão deve crescer cerca de 35% este ano, também em função da ampla implantação da NF-e. "Os escritórios de contabilidade são generalistas e ficam aquém da demanda das empresas", diz Francisco Fernandes, diretor de Relacionamento e Novos Negócios da empresa. A Intelecta fatura mais de R$ 8 milhões e há 15 anos tem histórico calcado na relação com micro e pequenas empresas.
A implantação da Nota Fiscal eletrônica no País deve se estender a mais de 2 milhões de empresas. Destas, 1,88 milhão tem menos de 100 funcionários. Tomando o último mês de dezembro, cerca de 2,5 milhões de documentos, em média, são emitidos diariamente – mais de 32% desse volume no estado de São Paulo.
Com meta de faturar R$ 50 milhões em seu segundo ano de existência, em 2012, a Central de Custódia de Documentos eletrônicos (CCDE) entra no mercado de nota fiscal eletrônica (NF-e), responsável por R$ 13,4 trilhões do meio do ano passado para cá. A empresa prevê garantir disponibilidade a esses documentos, hoje enviados por e-mail, e segue o mercado de tecnologia da informação, que também comemora avanços na implantação da NF-e, em que algumas empresas devem crescer 35% no ano.
Por outro lado, grandes investimentos para a adaptação ao novo sistema de notas podem onerar as pequenas empresas, segundo José Maria Chapina, presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis de São Paulo (Sescon-SP).
Para Flávio Richieri, diretor-geral da CCDE, algumas empresas já precisaram ampliar mais de 10% a área fiscal, "apenas para validar notas com gerentes de banco." Essas mudanças, observadas pelo executivo em em grandes redes, podem ser fatais a micro e pequenos.