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No país dos impostos

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GAZETA DO POVO

O contador hoje deve dominar muito mais que a calculadora. Deve ser ágil, capaz de se relacionar bem e estar antenado às mudanças num mercado cada vez mais globalizado

Muito mais do que lidar com números, o contador é atualmente um gerador de informações que sirvam de embasamento para tomada de decisões. Por meio da análise de documentos específicos, como relatórios contábeis e balanços, o profissional da área deve traduzir os dados para que sejam acessíveis a clientes, administradores, acionistas e proprietários de empresas, explica o coordenador da graduação em Ciências Contábeis da UFPR, Ariel Santos de Albuquerque.

Para desempenhar esse papel, no entanto, é necessário ir além do conhecimento técnico. Saber trabalhar em equipe, se relacionar bem, falar um segundo idioma e ter conhecimentos variados são habilidades necessárias. “A globalização está aí. O contador precisa de conhecimentos de Economia, Administração e Sociologia. Não adianta formar profissional que entenda tudo tecnicamente sem saber dos problemas sociais ou se relacionar. Esse perfil de antigamente acabou”, explica Albuquerque.

É verdade que grande parte da atividade desenvolvida na área ainda serve para gerar informações sobre impostos e cumprir requisitos da Receita Federal, uma das principais preocupações das empresas de pequeno e médio porte e de pessoas físicas. No entanto, é importante entender que esse não é o único foco do profissional de contabilidade. Vê-lo apenas como o profissional que faz o Imposto de Renda é um erro. O campo de atuação e as funções que ele pode desempenhar são bastante variadas.

Os profissionais da contabilidade podem também fazer auditorias – verificações de procedimentos contábeis de uma empresa – ou perícias, avaliações de investimentos e patrimônios, normalmente para fins jurídicos. Contadores atuam tanto em empresas privadas quanto em órgãos públicos, ONGs, sindicatos, na área de ensino e em escritórios de contabilidade.

Também há contadores com negócio próprio, como Armando Santos Lira, 40 anos, proprietário de um escritório que presta serviços principalmente na área comercial. Sua rotina é dividida entre o trabalho específico, a supervisão dos funcionários e a visita a clientes. Apesar da comodidade oferecida pela tecnologia, ele procura levar trabalhos pessoalmente. “Essas visitas são muito importantes. É necessário me relacionar bem e conhecer a realidade de quem atendo”, explica.

Outra questão que Lira acentua é a relação de confiança entre cliente e contador. “Temos acesso a muitas informações privadas e confidenciais do cliente, como rendimentos, relacionamentos empresariais e até o número de dependentes. O sigilo e a lealdade são questões éticas importantes na profissão”, completa.