Menor pressão sobre preços justifica corte do juro, diz ata
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Membros do Copom ressaltam, porém, que qualquer mudança no cenário provocará alteração na política
Renato Andrade, da Reuters
Apesar de terem promovido o corte mais forte do juro desde 2003, os diretores do Banco Central deixaram claro que qualquer mudança no quadro de riscos inflacionários provocará alteração imediata na política monetária, mesmo considerando o espaço existente para um ciclo de cortes da taxa básica.
"A política monetária deve manter postura cautelosa, visando assegurar a convergência da inflação para a trajetória de metas, a despeito de haver margem para um processo de flexibilização", afirmaram os diretores do BC.
Na reunião da semana passada, os diretores do BC decidiram por cinco votos a favor e três contra, reduzir a taxa Selic em 1 ponto porcentual, levando o juro para 12,75%. Os três dissidentes defenderam uma redução menos acentuada, de 0,75 ponto.
A desaceleração do ritmo de crescimento da atividade econômica foi destacada na ata do Copom como um dos principais fatores que permitiram o corte da Selic. Durante meses, a expansão acelerada da atividade era vista com preocupação pelo Banco Central, diante de seus possíveis efeitos sobre o comportamento dos preços na economia brasileira.
Desta vez, entretanto, o comitê entendeu que diante dos sinais de arrefecimento do ritmo de atividade, "reduziram-se de forma importante os riscos de não concretização de um cenário inflacionário benigno".
A falta de repasse da depreciação cambial para os preços também foi outro elemento que justificou a decisão. No entender do comitê não há "evidências nítidas" de repasse, o que contribuiu para a manutenção dos preços dentro do patamar desejado pelo BC.
Na ata, o Copom reafirma que a estratégia adotada continua tendo como objetivo trazer a inflação de volta ao centro da meta já em 2009, e "mantê-la em patamar consistente com a trajetória de metas em 2010".
O centro da meta de inflação de 2010 também é de 4,5%, como este ano. Para os dois períodos, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou um margem de variação de 2 pontos percentuais, para cima ou para baixo.