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Lina adia exposição de planos para o Fisco

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GAZETA MERCANTIL

Brasília, 4 de Agosto de 2008 – A nova secretária da Receita Federal, Lina Maria Vieira, que substituiu Jorge Rachid no comando do Fisco, quinta-feira, preferiu adiar sua apresentação aos contribuintes brasileiros. Lina desistiu, de última hora, de falar com a imprensa sexta-feira quando concederia a sua primeira entrevista após tomar posse para comandar o Fisco e frustrou as expectativas de inúmeros jornalistas que se encontravam na sede da Receita Federal, no Ministério da Fazenda. Ao justificar a desistência da entrevista, a assessoria de imprensa do Fisco alegou que a secretária participava de reuniões com técnicos do órgão e da Fazenda.

A Receita Federal havia convocado a imprensa para divulgar oficialmente a extinção da Declaração Anual de Isento (DAI) para quem ganha até R$ 15 mil anuais e os planos da nova titular do Fisco. Após atrasos sucessivos, o supervisor nacional do Imposto de Renda, Joaquim Adir, foi designado para representar a secretária na divulgação do fim da DAI.
O interesse sobre as ações de Lina durante a administração da Receita Federal é grande, segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita (Unafisco), Pedro Delarue, que "quer ouvir a opinião dela" sobre vários fatores. Ele deve se reunir com a secretária esta semana, e a data será definida nesta segunda-feira.
O presidente do sindicato faz uma avaliação positiva do perfil "técnico" de Lina e pretende descobrir "o sentimento" dela sobre o projeto de lei complementar que muda o Código Tributário, em discussão na Casa Civil. Alguns pontos da lei desagradam ao sindicato. Um deles seria a transferência da cobrança da dívida tributária ativa de contribuintes, no valor de R$ 670 bilhões, para os bancos privados.
"O setor público não pode ser privatizado", disse. O presidente do Unafisco, ao ser questionado sobre a opinião de Jorge Rachid sobre tal mudança do Código Tributário, criticou o Ministério da Fazenda por já ter dado parecer "favorável" à transferência da cobrança da dívida para as instituições financeiras privadas.
Apesar da saída de Rachid do comando da Receita Federal já ser prevista – uma vez que ele era indicação de Antonio Pallocci e já estava no cargo há cinco anos –, ele foi pego de surpresa. Fontes reservadas próximas a Rachid afirmam que ele "não pediu para sair". "Saíram com ele, até porque quando ele foi avisado (na noite de quarta-feira) a saída dele já estava publicada no Diário Oficial da União que circularia no dia seguinte".
Fontes que preferem não ser identificadas indicam que a saída de Rachid fortalece o ministro da Fazenda, Guido Mantega, por colocar uma indicação do Partido dos Trabalhadores (PT) no comando do Fisco.
Outras avaliações sugerem que o ministro está "fragilizado" e "tem perdido prestígio" no Palácio do Planalto por ter "subestimado" as ameaças inflacionárias que levaram o Banco Central aumentar, em julho, a taxa Selic para 13% ao ano.
 
(Gazeta Mercantil/Caderno A – Pág. 4)(Viviane Monteiro)