Leão morde os primeiros R$ 100 bilhões de 2014
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diáriodocomércio
O ano mal teve início e o Fisco já vai comemorar amanhã os primeiros R$ 100 bilhões arrecadados em impostos federais, estaduais e municipais em todo o País desde o dia primeiro. O Leão mostra que está com apetite redobrado em 2014. Ele abocanhará esses R$ 100 bilhões dois dias antes da data registrada no ano passado. E não podemos dizer que os governos não estavam satisfeitos e com os cofres cheios: ao longo de 2013, foram arrecadados no País R$ 1,7 trilhão em impostos.
As informações são do Impostômetro, o painel eletrônico que está na fachada da sede da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), no Centro da Capital paulista. O painel mostra a arrecadação no País em tempo real e no site www.impostometro.com.br é possível fazer as estimativas citadas nesta reportagem.
Ontem à noite o Impostômetro apontava a arrecadação total de R$ 90 bilhões em tributos federais, estaduais e municipais. Hoje, após somente dez dias úteis de 2014 – descontados o feriado do dia 1º de janeiro e os dois finais de semana – o painel vai superar os R$ 96 bilhões.
Educação
Quem passava ontem pelo Centro olhava espantado os valores indicados pelo painel eletrônico. Almira da Silva, artesã de 58 anos, disse em entrevista que considera a cobrança de impostos no País excessiva, um verdadeiro “roubo”, já que os recursos não são gastos, a seu ver, nas áreas de saúde, educação e segurança, consideradas essenciais.
Na sua opinião, o País deveria investir no setor produtivo. “Nós pagamos impostos e não recebemos o retorno. O governo brasileiro não gasta o que arrecada aqui”, disse Almira da Silva.
O administrador de empresas, Paulo Feu, de 47 anos, afirmou que os impostos são muito mal utilizados no Brasil, pois há muita corrupção. Para ele, a população deveria acompanhar melhor a arrecadação e o uso destes tributos, exigir serviços de qualidade do poder público. Segundo Paulo Feu, o montante arrecadado deveria ser utilizado para o bem do povo brasileiro e a prioridade seria investir na construção de moradias, hospitais e escolas. “Estas áreas deveriam ser a prioridade do governo”, disse o administrador.
O advogado Cássio Amaral, de 43 anos, considera absurda a carga tributária brasileira e defende a aprovação imediata da reforma tributária, tão debatida no Congresso e por setores da sociedade, como prioridade para garantir o crescimento do País.
Para ele, todos os governos (municipais, estaduais e federal) usam muito mal o que arrecadam. “Todo o dinheiro arrecadado deveria ir para as áreas de saúde e educação”, acrescentou Amaral.
Na tarde de ontem, o site do Impostômetro mostrou que quando o total arrecadado alcançou os R$ 88,2 bilhões, o valor de impostos pagos por habitante no País chegou a R$ 457,12 desde o dia 1º de janeiro, ou seja, cada brasileiro já havia pago nesse período o equivalente a mais da metade do salário mínimo oficial do País, que é de R$ 724.
Casas e carros
Com este total de bilhões arrecadados até ontem, o Instituto Brasileiro de Planejamento de Tributação (IBPT) estimou que seria possível adquirir cerca de 73,5 milhões de notebooks, construir 1,1 milhão de casas e comprar 3,2 milhões de carros populares.
O Impostômetro foi criado em 2005 como instrumento de conscientização dos brasileiros. O objetivo é revelar a alta carga tributária do País, paga por pessoas e empresas. O painel mostrou nos últimos anos, com clareza, que o Leão a cada ano que passa abocanha mais bilhões de reais em tributos.