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Inflação acelera em fevereiro e sobe 0,86%, maior alta para o mês desde 2016

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O GLOBO

 

 

 

 

Combustíveis respondeu por maior parte da alta do índice no mês, aponta IBGE

RIO — A inflação subiu 0,86% em fevereiro e acelerou em relação ao mês de janeiro, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira. Esse é o maior resultado para um mês de fevereiro desde 2016, quando o índice foi de 0,90%. A expansão é resultado do aumento do preço dos combustíveis.

A expectiva dos especialistas ouvidos pela Reuters era que a inflação chegasse a 0,72% em fevereiro. Em 12 meses, o IPCA registra aumento de 5,20%. acima dos 4,56% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. No ano, o IPCA acumula alta de 1,11%.

Preço dos combustíveis puxa alta

De acordo com o IBGE, a gasolina, que registra alta de 7,11%, foi o item que mais impactou o índice no mês, com participação de 42% no resultado final.

— Temos tido aumentos no preço da gasolina, que são dados nas refinarias, mas uma parte deles acaba sendo repassada ao consumidor final. No início de fevereiro, por exemplo, tivemos um aumento de 8%, e depois de mais de 10%. Esses aumentos subsequentes no preço do combustível explicam essa alta — diz o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.

Os preços do etanol (8,06%), do óleo diesel (5,40%) e do gás veicular (0,69%) também subiram em fevereiro. Com o resultado, os combustíveis acumulam alta de 28,44% nos últimos nove meses.

De acordo com o último Boletim Focus, divulgado na quarta-feira pelo Banco Central, a previsão do mercado financeiro para o IPCA deste ano subiu de 3,87% para 3,98%.

O cálculo para o ano está acima do centro da meta da inflação de 3,75% fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que deve ser perseguida pelo BC a partir da redução ou elevação da taxa de juros. Para 2022, a estimativa de inflação é de 3,50%. Tanto para 2023 como para 2024 as previsões são de 3,25%.

Nos últimos meses, o preço dos combustíveis e dos alimentos já vinha pressionando a inflação. A desvalorização cambial e o preço das commodities ainda em alta também pressionam para a elevação do índice.

Em relatório publicado na quarta-feira, a XP Investimentos informou ter revisado a projeção para IPCA de 2021, de 3,9% para 4,9%. “A nova trajetória do câmbio é um choque adicional para a inflação deste ano. Essa que já está pressionada pela contínua alta de alguns alimentos e combustíveis no mundo – traduzido em IGPs ainda elevados – e pelo desequilíbrio entre oferta e demanda doméstica no setor de bens duráveis, que não vem se ajustando no ritmo esperado”, disse a corretora.

Aumento da taxa de juros

Além de elevarem a estimativa para o IPCA anual, os analistas das instituições financeiras passaram a prever o início do processo de alta da taxa de juro básica, a Selic, já na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na semana que vem.