Governo estuda novos cortes de tributos para injetar recursos
Publicado em:
Segundo fonte do governo, estudos feitos até agora mostram que há espaço para promover novos cortes no IOF
Renata Veríssimo, da Agência Estado
"Não acho que o corte de impostos deva ser linear. Deve continuar sendo calibrado, caso a caso", informou uma fonte do governo. Há cerca de duas semanas, o Ministério da Fazenda reduziu o IOF para as operações de financiamento de motos para pessoa física. O setor havia registrado uma queda forte nas vendas. Semanas antes, o governo reduziu IOF para os investimentos estrangeiros.
A equipe econômica avalia que uma redução mais ampla de impostos só será possível quando houver mais clareza sobre o cenário econômico em 2009. "Para adotar estas medidas estruturais temos que aguardar como será o ritmo de crescimento econômico no ano que vem", disse uma fonte da área econômica. Segundo ela, continua na gaveta a proposta de reestruturar as alíquotas do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), para reduzir a carga tributária para as classes mais baixas. "Essa é uma medida forte. Por isso, também depende de termos esta clareza".
A redução de impostos é uma das pernas de um tripé anunciado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, para reduzir os impactos da crise financeira internacional na economia real. O governo anunciou que manterá os investimentos e que pretende reduzir o custo das operações financeiras das empresas. Todos os esforços são para evitar um desaquecimento forte da demanda que possa levar a uma onda de demissões.
No caso dos investimentos, além das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o governo continua contando com a criação do Fundo Soberano do Brasil (FSB), que deve receber mais de R$ 14 bilhões este ano. Estes recursos poderão ser usados em obras de infra-estrutura num momento de baixo crescimento econômico. Mas se o FSB não for aprovado pelo Senado até o final do ano, o Tesouro Nacional já estuda uma outra alternativa para evitar que este dinheiro vire superávit primário e seja usado no pagamento dos juros da dívida pública. "Tem solução", disse a fonte sem dar detalhes.
Para reduzir o custo das operações financeiras, além da redução de IOF, o governo espera que os bancos oficiais promovam uma onda de redução de taxas de juros cobradas do tomador final. O Banco do Brasil já reduziu o custo dos empréstimos a pessoas físicas e empresas. A Caixa Econômica Federal, por sua vez, informou que deverá anunciar na semana que vem o corte dos juros nas operações de crédito às empresas. A orientação é para que os bancos adotem o papel de liderança na ampliação da oferta de crédito e redução do custo dos empréstimos. O governo acredita que esta postura puxará para baixo os juros cobrados pelos bancos privados.