Escritórios faturam mais com as auditorias
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Uma das carreiras mais promissoras atualmente para o contabilista com bacharelado em Ciências Contábeis é a de auditor. A demanda por esse serviço cresceu tanto que o faturamento dos escritórios nessa área vem aumentando em torno de 20% ao ano desde 2002, desempenho que deve se repetir este ano, como espera Marcos Sanches, sócio da BDO Trevisan. É um paradoxo, mas a remuneração dos profissionais caiu cerca de 20% desde o início do aquecimento do mercado, e somente no ano passado começou a se recuperar, segundo o executivo. A contradição, explica ele, remete ao aumento da concorrência entre as empresas de auditoria e a conseqüente busca de produtividade.
De acordo com Sanches, os grandes escritórios não têm conseguido contratar todos 200 a 300 trainees de que precisam a cada ano, inclusive porque nem sempre os candidatos atendem aos critérios de seleção: “Foi difícil para a Trevisan contratar 170 profissionais no ano passado”. Do total, 130 são auditores contábeis. “É uma carreira na qual se pode apostar, sem dúvida”, afirma Sérgio Prado de Mello, presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRC).
A morna temperatura do mercado de auditorias se aqueceu após 2002, quando sobraram escândalos financeiros nos EUA. Para evitar fuga de investimentos e dúvidas sobre a qualidade da gestão das empresas, o país aprovou naquele ano a lei Sarbanes Oxley, que influenciou o mundo todo. Afetou, por exemplo, e imediatamente, as dezenas de companhias brasileiras com ADRs (American Depositary Receipts) negociadas na Bolsa de Valores de Nova York.
A lei americana influenciou ainda o ambiente nacional, que florescia: a economia brasileira se estabilizou, atraiu mais investidores estrangeiros e inaugurou o que parece ser uma nova era no mercado de ações – quase 100 companhias abriram capital no biênio 2006/2007, desenhando uma tendência que ainda persiste, pois também as empresas pequenas já se interessam por essa via de capitalização.
Assim, a partir de 2002, mais empresas brasileiras passaram a fazer auditorias internas e/ou externas (estas obrigatórias para as de capital aberto), tudo para garantir a boa governança e a redução de riscos, como exige a lei americana. “Também houve muita pressão dos órgãos oficiais no Brasil, com os mesmos objetivos”, diz Sanches.
Ele cita como exemplo de reflexo da Sarbanes Oxley no País as determinações do Banco Central e da Superintendência de Seguros Privados (Susep) para as companhias adotarem controles internos mais rigorosos para identificar crimes de lavagem de dinheiro. Tais normativas forçaram as empresas a dobrar a vigilância sobre operações suspeitas, como as que envolvem valores anormalmente elevados ou dinheiro em espécie, além de informar tais ocorrências aos órgãos competentes.
Este ano, com a edição da lei 11.638, que permite a aplicação das normas internacionais IFRS (International Financial Reporting Standards), os auditores terão ainda muito mais trabalho. Precisarão conhecer essa linguagem contábil e também as ISA (International Standards on Auditing), concebidas para auditoria dos balanços elaborados segundo as IFRS. “É muita mudança para ser acompanhada. Se o profissional viajar para o Exterior e ficar fora um ano, quando retornar notará que está totalmente desatualizado”, diz Sanches.
(CD)