Economist destaca desafios de Dilma ao assumir o país
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Portal Exame
Segundo a revista britânica, a futura presidente começa a sair da sombra de Lula, mas pode ser encoberta por uma ainda maior
São Paulo – Matéria da revista britânica The Economist, que vai às bancas nesta quinta-feira (30/12), mostra que, a dois dias da posse, Dilma Rousseff pode ficar satisfeita com seu desempenho até aqui, mas com reservas. A parte boa é que ela fez um trabalho razoável ao selecionar seus 37 ministros, satisfazendo a demanda de seu próprio partido e da coligação. Por outro lado, a partir do próximo sábado (1/01), a presidente terá sob seu comando um país cuja economia cresce de forma explosiva, mas que também ostenta uma inflação em ascensão, altas taxas de juros, infraestrutura insuficiente e uma situação fiscal preocupante.
Das escolhas bem sucedidas que Dilma fez para escalar sua equipe, a Economist destaca o chamado de Palocci para a Casa Civil e de Alexandre Tombini para o Banco Central (BC). No primeiro caso, a presidente eleita mostrou auto-confiança ao dar um papel menor do que o esperado a um nome forte da política, ex-ministro da Fazenda. Já a nomeação de Tombini, um funcionário de carreira do BC, para a presidência do banco é vista como um sinal positivo de Dilma ao mercado, que espera alguma ortodoxia na condução da política econômica.
Os acertos de Dilma na transição entre governos fizeram a revista britânica afirmar que ela "começa a sair da sombra de Lula". Mas ao assumir o país, a nova presidente pode ser encoberta por uma sombra ainda maior. Embora o atual estado da economia brasileira garanta ao presidente Lula um fim de mandato tranqüilo, ainda há muitos problemas a serem resolvidos, e o tempo para isso é exíguo.
A Economist enfatiza que alguns dos maiores desafios são também os mais urgentes. Boa parte deles se concentra na infraestrutura. A quatro anos de sediar a Copa do Mundo e a seis de receber as Olimpíadas, o país tenta resolver questões como a insuficiência de seu transporte aéreo. Segundo a revista, a administração dos aeroportos do país permanece nas mãos de uma empresa – a Infraero – que é "sinônimo de obstrução burocrática e incompetência. Dos mais de 5 bilhões de reais que a empresa recebeu para investir até 2014, mais da metade foi destinado a projetos que estão atrasados."
Dilma tem pela frente a tarefa de aumentar a eficiência da administração do sistema aeroportuário em um momento de pressão sobre o setor: "em 2009 o número de passageiros aumentou 13%, e é esperado um crescimento ainda mais forte", lembra a revista.
De acordo com o texto, os maiores obstáculos ao sucesso da futura presidente no que se refere aos investimentos em infraestrutura, serão seus próprios companheiros políticos. "Se ela ainda não sabia disso, recebeu um aviso no dia 15 de dezembro, quando os membros do Congresso votaram para si mesmos um aumento de 62% nos salários. Muitos governos estaduais e municipais já seguiram o exemplo. Se todos o fizerem, o custo total será de 2,2 bilhões de reais por ano", diz a Economist. Esta é justamente a direção oposta àquela em que o governo deveria caminhar para atingir seus objetivos. A revista lembra que apenas com um programa consistente de reajustes fiscais o governo terá sucesso no controle da inflação e do câmbio.