Contra crise, BNDES promete “papel histórico”
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A missão do BNDES nos próximos meses será a de minimizar os efeitos da segunda onda da crise global que deve arrastar o mundo
A missão do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) nos próximos meses será a de minimizar os efeitos da segunda onda da crise global que deve arrastar o mundo. "Estamos sentindo o impacto da primeira onda, a financeira. Mas vem aí a segunda onda, que afetará o nível de atividade econômica, e o Brasil vai ser arrastado por ela", diz Ernani Torres, superintendente da área de estudos e pesquisa do BNDES. Ele integrou a comitiva brasileira em reunião do FMI (Fundo Monetário Internacional) no começo do mês.
Segundo Torres, ficará mais evidente agora o papel "anticíclico" de um banco de fomento. "O BNDES poderá exercer um papel histórico. Todos vão perceber por que bancos oficiais são importantes para um país", disse. A primeira tarefa será a de garantir os projetos de infra-estrutura em andamento.
O banco quer desembolsar R$ 85 bilhões neste ano, mas já trabalha com a perspectiva de injetar mais R$ 10 bilhões a R$ 20 bilhões para suprir a escassez de capital, que, em tempos normais, viria das instituições privadas. "É uma estimativa com que estamos trabalhando", diz Torres. A sorte, afirma, é que nem todos os projetos ocorrerão ao mesmo tempo. Para o ano que vem, o presidente do banco, Luciano Coutinho, afirma já ter R$ 70 bilhões.
Mas, mesmo assim, o superintendente do BNDES admite que alguns projetos deverão ficar pelo caminho. Circulam pela sede do banco consultas que, somadas, totalizam R$ 118,5 bilhões. Só em projetos do setor elétrico são R$ 22,2 bilhões. Até agosto, o banco desembolsou R$ 51,88 bilhões em financiamentos. Para o setor de energia elétrica, foram liberados R$ 4,487 bilhões. Para os portos, apenas R$ 60 milhões. A meta é alcançar R$ 200 milhões em desembolsos para projetos portuários.
Um dos maiores bancos de fomento do planeta, atrás apenas de instituições asiáticas, o BNDES ainda não conseguiu mensurar os efeitos da crise no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). De acordo com Torres, a previsão de investimentos da Petrobras será fundamental para essa avaliação.
A Petrobras adiou novamente o novo programa de investimento para 2009-2013. "É preciso ver o que a Petrobras fará. No setor elétrico, poderá haver atraso em linhas de transmissão. O habitacional também poderá ser afetado", afirma Torres.