Concorrência entre cartões diminui custos do varejo
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O resultado desse novo equilíbrio de forças é que o lojista finalmente começa a dar as cartas
A exclusividade no setor de cartões só acaba em 1º de julho, mas a concorrência entre as operadoras do setor já está na rua. De um lado, Cielo e Redecard – que até agora fazem o credenciamento de lojistas e a captura de transações para Visa e Mastercard, respectivamente – tentam defender sua base de clientes. De outro, o novo participante do setor, o Santander, junto com a processadora GetNet, procura ganhar o seu quinhão. O resultado desse novo equilíbrio de forças é que o lojista finalmente começa a dar as cartas. A briga tem se dado na ponta mais sensível para o caixa do varejo: no aluguel das maquininhas que recebem o cartão (POS) e na taxa cobrada para captura de operações de débito e crédito. Há relatos de custos caindo à metade com aluguel e entre 10% e 20% no valor descontado por transação.
A TDB Têxtil, dona da Tip Top, viu na entrada de um novo competidor a oportunidade para barganhar melhores condições para as lojas da marca. Depois de conseguir redução tanto com a Redecard quanto com a Cielo, acabou fechando com o Santander/GetNet. "De certa forma, eles pedem exclusividade e a única exigência é ter conta de pessoa jurídica no Santander, o que não será um problema, porque o pacote é vantajoso", conta a gerente de franquias, Daniela Venâncio. O valor do aluguel do terminal, que chegava a R$ 98,00 por unidade nas outras credenciadoras, agora vai custar R$ 69,00 na linha discada e R$ 88,00 na banda larga. Nas taxas pagas pela loja à credenciadora por transação, a maior economia será nas vendas parceladas, cujo custo vai cair de 4% para operações em até seis vezes, com a Cielo, para 3,2%.
Não é uma guerra de preços, diz o diretor de cartões do Santander, Cassius Schymura. Mas como efeito de um mercado que está saindo de uma situação de duopólio, em que o lojista era obrigado a contratar a Cielo se quisesse receber com cartões Visa e a Redecard para os cartões MasterCard, é natural que haja pressão sobre os valores dos serviços prestados, diz. "Para receber cada uma das bandeiras o varejista recebia uma proposta. Agora tem de avaliar três".
A Redecard sente maior presença da competição no mercado, mas não está simplesmente reduzindo preços, assegura o presidente da empresa, Roberto Medeiros. "Normalmente, há crescimento de volumes associado, de tal maneira que o custo unitário para o lojista fique melhor. Haverá um grupo de lojistas que será mais sensível a preços, mas a prestação de serviços de captura, processamento e liquidação de operações com cartões não é trivial", diz Rômulo Dias, presidente da Cielo.