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Cenário atual confirma importância do contador

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Portal Fenacon

 

 

 

 

A combinação de uma capacidade cada vez maior de apuração e cruzamento de informações fiscais com a investigação de grandes esquemas de desvios e maquiagem de dados financeiros de grandes empresas públicas e privadas colocou a Contabilidade no rol das ciências indispensáveis para a mudança. Na semana iniciada com o Dia do Profissional Contábil, comemorado na segunda-feira passada, dia 25 de abril, os olhares se voltam aos contadores, auditores, peritos, e à reflexão sobre sua responsabilidade dentro de uma sociedade marcada pela falta de transparência. “Esse cenário vem mudando com o avanço da tecnologia e, no meu entender, esses escândalos têm que fortalecer a imagem do contador, afinal ele é um agente fundamental no controle”, ressalta o empresário contábil e presidente do Sindicatos das Empresas de Serviços Contábeis do Rio Grande do Sul (Sescon/RS), Diogo Chamun. Para o contador, é preciso qualificar a execução da contabilidade pública. “O grande desafio é um maior investimento em compliance, para as empresas ficarem em conformidade com leis e regulamentos externos e internos”, afirma.

JC Contabilidade – Recentemente, vimos o surgimento de inúmeras ferramentas tecnológicas usadas pelos contadores. Como isso impactou, positiva e negativamente, o trabalho da Contabilidade brasileira?

Diogo Chamun – Os ganhos com a evolução da tecnologia são inegáveis para o setor contábil, mas os riscos no cumprimento das obrigações fiscais e tributárias são potencializados pelo nível de detalhamento no cruzamento dos dados gerados a partir do projeto Sped. O profissional da Contabilidade precisa acompanhar e utilizar a tecnologia a seu favor, já que a Receita Federal faz isso muito bem e, já sabemos, que qualquer erro está atrelado à geração de multas.

Contabilidade – Tem se falado muito em escândalos de fraudes fiscais, pedaladas fiscais, contabilidade criativa. Como fica a imagem do profissional de Contabilidade ante tudo isso?

Chamun – O profissional da Contabilidade, por muito tempo, carregou, e por vezes ainda carrega, o estigma de “despachante” ou “darfista”, pelo fato de atender às exigências fiscais e pouco contribuir com a gestão das empresas. Esse cenário vem mudando com o avanço da tecnologia e, no meu entender, esses escândalos têm que fortalecer a imagem do contador, afinal ele é um agente fundamental no controle.

Contabilidade – Qual a responsabilidade da categoria sobre esses escândalos?

Chamun – Não vejo que a categoria tenha responsabilidade sobre esses fatos, pois, como em qualquer profissão, existem os bons e os maus profissionais. O problema é mais amplo, já que vivemos uma crise ética e moral na nossa sociedade. Como entidades representativas, precisamos, sim, qualificar nossos representados, e também os órgãos de controle devem intensificar a fiscalização.

Contabilidade – Definir regras mais claras à contabilidade pública é um dos grandes desafios da categoria?

Chamun – As regras estão definidas, o problema está na sua execução. Portanto, o grande desafio é um maior investimento em compliance, para as empresas ficarem em conformidade com leis e regulamentos externos e internos.

Contabilidade – Se você tivesse que arriscar uma área que deve se desenvolver nos próximos anos, qual seria? Por quê?

Chamun – Apesar das constantes alterações de legislação e obrigações acessórias, a rotina contábil está dominada, cabendo evolução na controladoria e no compliance, visto que são ferramentas para uma melhor gestão e controle.

Contabilidade – Quais as demandas futuras dos contadores e empresários contábeis gaúchos?

Chamun – Estamos vivendo em um momento de instabilidade política e econômica, o que fica evidenciado por ingredientes, como: impeachment, cassação, aumento de impostos, taxa de desemprego e inflação. Nesse cenário, o momento é de capacitação e planejamento. E também de contribuir na construção de uma sociedade mais ética e justa. Com a implantação de eSocial, Bloco K e eFinanceira, entendo que a grande demanda das assessorias contábeis será aprofundar-se no negócio do cliente e, por consequência, participar da gestão.