Cartaxo: ´Receita estava precária´
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Diário do Nordeste
Recém saído do cargo de secretário, Otacílio Cartaxo critica a precariedade que dominava a Receita
Brasília. Um dia depois de confirmada a sua demissão do cargo, o secretário da Receita Federal, Otacílio Cartaxo, traçou um retrato de completa precariedade e desorganização na gestão das áreas de arrecadação, fiscalização, aduana e tributação do Fisco brasileiro.
Ao fazer hoje um balanço dos 15 meses da sua gestão, o secretário disse que "teve que descer para o chão da fábrica" para recuperar a Receita e fechar os ralos de "vazamento" dos tributos em meio ao cenário de crise financeira, que derrubou em 2009 a arrecadação do governo, depois de anos de recordes sucessivos. "Minha missão principal foi fazer uma profunda reestruturação dessas áreas operacionais. Todas as áreas estavam precarizadas, deficientes", disse.
Preterido no cargo pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que escolheu Carlos Alberto Barreto (atual presidente do Conselho de Contribuintes da Receita) para comandar o órgão, Cartaxo disse que vai deixar uma "herança bendita" para o seu sucessor.
Período conturbado
O secretário assumiu o cargo depois da demissão da ex-secretária Lina Maria Vieira, cuja gestão levou à Receita a maior crise institucional da sua história. A maioria dos superintendentes chegou a se rebelar numa sala do Ministério da Fazenda para pressionar pela escolha do nome do seu substituto, numa afronta direta ao ministro da Fazenda Guido Mantega. Menos de 72 horas depois de assumir o cargo, Cartaxo exonerou os superintendentes rebeldes e trocou os delegados.