Logo Leandro e CIA

Brasil é mais caro do que EUA

Publicado em:

Diferença. Brasileiro paga mais impostos e preços de combustível, carro e serviço de telefonia são maiores

Aqui, trabalha-se um mês e meio a mais só para pagar tributos ao governo
Queila Ariadne

No ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos atingiu US$ 14,3 trilhões – aproximadamente R$ 26 trilhões, considerando o câmbio a R$ 1,80. O total é 8,6 vezes o PIB do Brasil (R$ 2,99 trilhões). Entretanto, quando o assunto são impostos, o Brasil aparenta ser bem mais rico. Lá, para cada dólar recebido, cerca de US$ 0,28 vão para pagar impostos. Aqui, de cada real, R$ 0,37 são para os cofres públicos. Isso significa que enquanto o norte-americano trabalha 102 dias por ano para pagar tributos, o brasileiro tem que trabalhar 147 dias, exatamente um mês e meio a mais, de acordo com o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT).

O presidente do IBPT, João Eloi Olenike, afirma que, na prática, a tributação nacional é muito maior, pois além de pagar os impostos sobre a renda, o brasileiro tem que gastar com saúde, educação, segurança, já que a arrecadação não é devidamente revertida para a sociedade. "Pela média, trabalhamos até 27 de maio para pagar impostos, se considerássemos todas as despesas que temos com serviços que deveriam ser garantidos pelo governo, aí trabalharíamos até setembro", destaca.

De acordo com o consultor jurídico da Mandatum, Felipe Palhares Guerra, a desigualdade vem do modelo tributário adotado pelos dois países. "Lá, a maioria dos impostos é cobrada sobre a renda. No Brasil, 20% é sobre a renda e 80% sobre a produção, por isso aqui tudo é mais caro", justifica.

Olenike explica que é como se o brasileiro tivesse a uma carga direta e uma indireta. "O imposto incide na cadeia produtiva inteira. Um suco de laranja vendido em um supermercado, por exemplo, traz no preço o imposto cobrado desde a plantação do fruto, passando pela industrialização até chegar ao consumo final. No modelo norte-americano, o imposto é sobre a riqueza gerada e não vem em efeito cascata", afirma o presidente do IBPT.

Na verdade, continua Olenike, o modelo de tributação brasileiro reduz a riqueza e limita o consumo. "Por causa do preço, encarecido pelos impostos, em vez de levar duas caixas de suco, o consumidor acaba levando apenas uma", diz, voltando ao exemplo.