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Bolsa Família e alta do consumo reduzem êxodo para o Sudeste

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JORNAL DA PARAÍBA

De Jacqueline Santos doJornal da Paraíba

Ao mesmo tempo em que se percebe um crescimento no fluxo de retorno dos paraibanos, nota-se que menos migrantes estão partindo para tentar a vida na região Sudeste. São Paulo e Rio de Janeiro, que antes eram grandes atrativos para quem pretendia construir um futuro fora do Estado de origem, deixaram de ser o sonho dos nordestinos. A redução na oferta de emprego e a violência estão afastando essas pessoas.

Além de trabalhadores rurais, que não encontram mais meio de sobrevivência no campo, o setor da construção civil é um dos que mais empregam trabalhadores vindos da região Nordeste. Com a evolução do segmento em Estados como a Paraíba, quem precisava trabalhar longe da família resolve tomar o rumo contrário. O presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil de João Pessoa, Irenaldo Quintans, ressalta que o setor vive um momento especial quanto à oferta de emprego não só no Estado, mas em todas as regiões do país. “Nós percebemos esse retorno de trabalhadores do Sul do país. Isso ocorre, porque é natural que as pessoas que moram longe, sabendo da oportunidade de emprego nas suas cidades de origem, retornem para a terra natal”, opina Quintans.

Segundo o representante do Sindicato dos Empregados da Construção Civil da Paraíba, Paulo Lima, o movimento de saída dos trabalhadores, que era de quase 10% ao ano até o início de 2001, tem sofrido retração até agora. O ritmo foi intensificado com o surgimento do Programa de Aceleração do Crescimento, que trouxe um volume grande de obras para a região nordestina. “Com isso, quem ainda não tinha se estabelecido em Estados como Rio e São Paulo iniciaram um processo de retorno. Mas no Sudeste a oferta continua maior e os salários são bem melhores. A falta de mão qualificada que estamos vendo no mercado interno, é exatamente, porque os salários aqui ainda estão muito baixos”, lamentou Lima.

Manoel Gomes da Silva, de 52 anos, foi um dos paraibanos que optaram por trocar o Rio de Janeiro pela Paraíba. Foram cinco anos atuando em atividades como ajudante de carpinteiro, auxiliar de obra e pedreiro no Sudeste. “Tinha muitos colegas lá que me chamavam, porque tinham muitos postos de trabalho. Lembro que daqui saíam ônibus lotados de paraibanos em busca da oferta no Rio. Não sei se um dia vou voltar. Posso até enfrentar de novo. Ainda é onde a gente encontra melhores oportunidades”, defende. Foi lá que ele aprendeu o ofício de pedreiro, que hoje exerce em João Pessoa.

O estudo ‘Migração de Retorno no Brasil: uma análise a partir dos dados da Pnad 2007’ teve como base informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE, que se trata de uma amostragem. Números mais consolidados sobre o fluxo migratório dos nordestinos devem ser analisados a partir da divulgação do Censo 2010. “Com o Censo, saberemos se esse movimento de retorno dos nordestinos se consolidou e teremos como retratar um quadro mais fiel da situação dos migrantes”, esclarece.