Agravamento da crise provoca salto em abertura de novos negócios
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Portal Contábil SC
O agravamento da crise econômica provocou um salto no grupo de brasileiros que buscam abrir seu próprio negócio por necessidade.
Segundo a nova pesquisa do Monitor Global de Empreendedorismo, realizada simultaneamente em 60 países, a taxa dos empreendedores estreantes no Brasil em 2015 pulou de 29% para 44%.
“É o retrato do desemprego, obrigando o brasileiro a sair da sua zona de conforto e a enfrentar o risco de ser dono de seu próprio negócio”, diz o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos.
A entidade e o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade financiam no Brasil a pesquisa, feita em 60 países (83% do PIB global).
A pesquisa no Brasil foi feita entre setembro e novembro e fez 2.000 entrevistas, além de ouvir mais de 74 especialistas em empreendedorismo. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
No país, o levantamento mostrou que, de cada 10 brasileiros adultos (entre 18 e 64 anos), quatro já possuem ou estão envolvidos com a criação de pequena ou média empresa.
Em 2015, a taxa total de empreendedores (entre iniciantes e já estabelecidos) atingiu 39,3% da faixa da população entre 18 e 64 anos, o maior índice dos últimos 14 anos e quase o dobro de 2002, quando era de 20,9%.
A taxa dos novos negócios abertos por causa de uma “oportunidade” caiu de 71% para 56% entre 2014 e 2015. A dos movidos por necessidade saltou quase 50%.
A pesquisa mostra que os brasileiros que buscam abrir seu negócio próprio miram as áreas tradicionais, como alimentação, vestuário, turismo e serviços em geral, mas há também os que buscam o setor de inovação tecnológica.
NEGÓCIO FIRME
No ranking mundial, o Brasil ocupa a segunda posição na taxa de empreendedores já estabelecidos, com negócio firme. Em relação ao número dos que decidiram partir para o negócio próprio no ano passado, está em oitavo.
Na visão dos especialistas ouvidos pela pesquisa, a falta de crédito é um dos principais fatores limitantes ao empreendedorismo no Brasil.
Segundo eles, o custo do capital no país é elevado, as exigências de garantias são proibitivas e falta uma oferta de financiamento para esse setor da economia.
Para o presidente do Sebrae, uma saída para estimular o empreendedorismo no país passa por um processo de “aliviar, desregulamentar e desburocratizar” a vida desses brasileiros que se arriscam no mundo dos negócios.
“Temos de livrar os empreendedores dos exterminadores do seu futuro: entraves e custos elevados das áreas fiscal e burocrática.”
Folha de São Paulo