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Adaptação ao IFRS requer adesão de todas as áreas

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GAZETA MERCANTIL

 Numa seleção de emprego para contadores, um grupo de profissionais deveria aplicar o conhecimento de apuração de resultados um sobre demonstrativo financeiro. Um deles sequer pegou a caneta e a calculadora e, questionado pela equipe de recursos humanos, perguntou: “Como posso fazer a demonstração se vocês não passaram ainda o resultado a que devo chegar?”.

A piada é apenas uma brincadeira feita pelo experiente Alfried Plöger, coordenador de relações institucionais do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), para exemplificar a saia-justa por que passam os contadores e que fica ainda mais apertada e subjetiva com a conversão de normas para o padrão IFRS (International Financial Reporting Standard). O alívio é que, pela primeira vez, as regras deixam de estar restritas ao departamento para ganhar destaque na pauta de todos os setores das companhias, inclusive da alta cúpula.

“A adoção plena exige participação de todos os interessados, para que a migração seja implementada com sucesso”, disse Plöger, em evento realizado ontem pela Gazeta Mercantil em parceria com a KPMG. Essa adesão inclui a compreensão dos acionistas, quando avaliam um balanço que, de um ano para o outro, mostra um prejuízo da ordem de R$ 2 bilhões – como aconteceu com a Cesp este ano, graças à CPC 01, sobre fluxo de caixa descontado, aplicada nos demonstrativos de 2008.

Até agora já foram emitidas pelo comitê 20 normas. O processo de digestão das regras internacionais para o mercado brasileiro foi iniciado pelo CPC ao final de 2007 e a previsão de publicação da 31ª instrução, a última, é em setembro. Mas só recentemente o CPC conseguiu se organizar em uma associação pessoa jurídica, para não ter os trabalhos interrompidos por falta de verba. “A dificuldade era de funding, o que foi resolvido momentaneamente pela Abrasca e agora com a constituição de holding para captação de recursos, que deve incluir fundo perdido do Banco Mundial de US$ 1 milhão”, contou.

Definir as regras e fazer malabarismo financeiro só poderia ficar menos maçante com a equipe que inclui Eliseu Martins e Haroldo Levy Neto. Na última discussão, sobre ativos biológicos, Plöger levantou o debate: “Quanto vale um pé de mangueira?”. Além de boas risadas, a discussão renderá a CPC 29.

Com o processo em andamento, a representatividade brasileira nos órgãos internacionais de contabilidade aumentou. Amaro Gomes deixa a chefia do departamento de regulamentação do sistema financeiro do Banco Central para assumir, em Londres, cadeira no IASB (International Accounting Standards Board) em tempo integral. O ex-ministro Pedro Malan continua como representante no IASC (International Accounting Standards Committee).

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados – Pág. 4)(Maria Luíza Filgueiras)
 
Fonte: Gazeta Mercantil