Com a alta na renda, cada vez mais brasileiros têm acesso a viagens internacionais. Entre passeios e vitrines, muitos turistas perceberam que é comum encontrar lá fora os mesmos produtos que são vendidos por aqui. Mas o que chama a atenção são os preços: no exterior, é possível fazer economia
O presidente da Oakley, Salvador Parisi, disse que os impostos, a valorização do real e o Custo Brasil (soma de deficiências que encarecem o produto final) são os responsáveis por esse cenário. A fábrica da Oakley fica nos Estados Unidos e abastece lojas em 100 países no mundo. "Não é apenas a carga de tributos, mas também a complexidade deles. As empresas necessitam de grandes equipes para se adequar às novidades, além de consultorias, para que as atualizações sejam cumpridas", afirmou Parisi. "O governo deveria simplificar o projeto da reforma tributária no País. Com alíquotas menores, mais gente pagaria e a arrecadação aumentaria."
Longo prazo – Essa é a saída que o empresário enxerga para que o problema seja resolvido. "Trata-se de uma solução que daria resultado a longo prazo – mas ela tem que ser iniciada o mais rápido possível." A outra causa dos preços mais em conta lá fora, disse Parisi, é a relação entre o real e o dólar. "Mas esse é um ponto que não pode ser mexido. A política cambial tem que ser mantida."
Segundo Parisi, o Custo Brasil é outra grande preocupação. Para ele, existem poucos portos e aeroportos no País. Além disso, os serviços, de forma geral, como os de telecomunicação, são muito onerosos. "Os preços dos produtos lá fora podem chegar a ser três vezes mais altos. Para minimizar esse problema, a Oakley já reduziu a margem de lucro – para não perder clientes. Mas há um limite."
Utopia – O presidente do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP), Manuel Henriquez Garcia, analisou a questão dos tributos de forma pessimista. Para ele, a Constituição Federal não permite que se faça a reforma tributária. "A reforma hoje, portanto, é uma utopia."
A indústria, de forma geral, sofre muito com o câmbio e com a carga tributária, afirmou o professor do Ibmec de Belo Horizonte, Marcos Renato Silva Xavier. "A produção de bens e serviços, em São Paulo, é uma das mais onerosas do mundo. A infraestrutura deficiente é outro ponto que torna os valores de grande parte da produção altos."
Mas para o coordenador do curso de negócios internacionais e comércio exterior do GV-PEC (Programa de Educação Continuada) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Evaldo Alves, um componente a mais pode agravar a situação: a vontade de aumentar o lucro, "usando" como desculpa os impostos e o câmbio. "É claro que existem as dificuldades. Porém, é preciso levar em conta que o preço de um automóvel feito no Brasil, por exemplo, é menor em Buenos Aires do que aqui. Os valores chegam a ser 20% mais em conta por lá", disse ele.
A barreira do frete e do ICMS
Nem sempre comprar algo em Miami e solicitar a entrega no Brasil é interessante. Apeasar da cotação do dólar baixa nas últimas semanas, uma simulação com 11 equipamentos feita pelo UOL Tecnologia mostrou que, em muitos casos, importar produtos é um mau negócio, sobretudo por conta dos custos do frete e dos impostos do País.
A pesquisa revelou que principalmente com produtos de valor acima de US$ 500 não há vantagem na compra em um site dos Estados Unidos em relação à aquisição no País.
Quem importar produtos de valor entre US$ 501,00 e US$ 3000, deve desembolsar R$ 150 de taxa de despacho aduaneiro e pagar o Impossto de Circulação de Mercadoria e Prestação de Serviços (ICMS) dos estado.
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