ANP marca para novembro leilão das bacias de petróleo da Paraíba
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A ANP (Agência Nacional do Petróleo) marcou para os dias 27, 28 e 29 de novembro a oitava rodada de licitações para a exploração de petróleo e gás. É nesse etapa que deverão ser ofertadas duas áreas no Estado, a bacia marítima Pernambuco/Paraíba e a bacia do Rio do Peixe.
O CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) aprovou ontem as 54 áreas de exploração, incluindo as bacias petrolíferas na Paraíba, propostas pela agência, que deverá agora definir até maio quando o conselho voltará a se reunir e os lotes de exploração que serão ofertados.
O diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, informou após a reunião que os lotes deverão envolver aproximadamente 500 mil quilômetros quadrados, de um total de 1,9 milhão de quilômetros quadrados que correspondem às 54 áreas.
Lima destacou, no entanto, que o país começa a formar um novo mercado de exploração de petróleo por empresas de pequeno e médio porte. Para incrementar esse setor, a ANP fará no dia 31 de maio a segunda licitação de 21 campos marginais (que não têm interesse comercial para empresas de grande porte). A expectativa do diretor-geral da ANP é a de que esta licitação seja ainda mais concorrida que a primeira, quando apareceram 86 empresários interessados em 17 lotes em campos marginais.
Os estudos na bacia Pernambuco-Paraíba, localizada na costa entre os dois estados, foram feitos no ano passado e indicaram a existência de petróleo tanto no Litoral Sul quanto Norte da Paraíba, segundo informações do senador Ney Suassuna, que vem acompanhando o processo.
Se as áreas forem para licitação e houver investidores interessados, as empresas terão que realizar novas pesquisas a fim de dimensionar a quantidade de óleo.
Os procedimentos são demorados: entre a concessão e o início do processo de extração demoram, em média, sete anos (com possibilidade de redução em alguns casos). Mas os investimentos preliminares já serão suficientes para provocar mudanças na economia local. Suassuna lembra que a Bacia do Espírito Santo, licitada em 2003, ainda não começou a ser explorada, mas no ano seguinte à concessão o Estado já havia recebido R$ 6 bilhões em investimentos.
Extensão de 1.400 Km2
Na busca por água no semi-árido nordestino, trabalhadores rurais do sertão paraibano descobriram em suas terras uma riqueza que não imaginavam existir. Cavando poços na terra seca, em vez de água encontraram petróleo, a poucos metros de profundidade.
O primeiro poço, com 46 metros, surgiu há 24 anos, na zona rural de Sousa, a 430 km de João Pessoa. Nos anos seguintes, pelo menos outros três, perfurados em áreas vizinhas, também apresentaram indícios do óleo. Até agora, entretanto, as possíveis jazidas permanecem inexploradas.
O petróleo, retirado em latinhas penduradas por cordas ou arames, só tem servido para causar espanto aos vizinhos e curiosos que visitam os lavradores. O agricultor Crisogônio Estrela de Oliveira, 43, é o mais procurado.
No seu sítio, onde vive com a mulher e três filhos, Oliveira mantém o poço mais antigo e também o mais “produtivo” da vizinhança. O cano estreito de onde ele extrai o produto fica tapado por um pedaço de pano velho e escondido sob uma pedra, perto da pocilga.
Do buraco, sempre cercado de galinhas e bois, Oliveira mergulha a latinha e retira um líquido grosso, escuro e viscoso, com cheiro que lembra uma mistura improvável de tinta com gás.
Produto de boa qualidade
O petróleo é “de boa qualidade”, segundo o diretor-presidente da CDRM (Companhia de Desenvolvimento de Recursos Minerais) da Paraíba, José Aderaldo de Medeiros Ferreira.
De acordo com ele, há indícios de que o óleo possa estar presente não apenas no sítio de Oliveira e de seus vizinhos, mas também em uma extensa área de 1.400 km2, conhecida como bacia sedimentar do Rio do Peixe.
Essa área, disse Ferreira, seria uma extensão da bacia do Apodi, região produtora de petróleo com 15 mil km2, localizada no Estado vizinho do Rio Grande do Norte.
Com base nessa suposição, o diretor da CDRM acredita que as possíveis jazidas paraibanas possam produzir até 20 mil barris por dia. “Evidentemente, não seria uma produção de impacto nacional, mas, para a região, representaria a estabilização”, afirmou.
De acordo com ele, os seis municípios localizados na bacia do Rio do Peixe e os agricultores receberiam royalties pela exploração do petróleo em suas terras.
O estudo realizado na área, disse Ferreira, foi feito pela ANP. O objetivo era detectar sinais de gás e óleo no solo.