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Inflação da baixa renda atinge 1,28%

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Agência Estado

A inflação sentida pelas famílias de baixa renda no mês passado, de 1,28%, foi a mais intensa para um mês de abril desde 2004. A informação é do economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) André Braz. Ontem, a entidade divulgou o Índice de Preços ao Consumidor – Classe 1 (IPC-C1), que mede o impacto de preços entre famílias com renda mensal entre 1 e 2,5 salários mínimos. Com o resultado apurado em abril, o IPC-C1 acumula altas de 4,99% no ano e de 6,58% em 12 meses.

"Mesmo com o recuo na comparação com março (quando subiu 1,4%, a mais intensa da série histórica, iniciada em 2004), o IPC-C1 continua com taxa elevada", comentou. Pela segunda vez consecutiva, os alimentos foram os vilões. O técnico da fundação lembrou que as famílias de baixa renda gastam em torno de 40% do orçamento mensal com a compra de comida.

Embora tenham mostrado elevação menos intensa (de 3,31% para 2,52%) entre março e abril – o que ajudou a diminuir o ritmo de avanço do IPC-C1 no período –, os produtos alimentícios ainda têm taxa expressiva de alta de preços, na avaliação de Braz.

Ele explicou que os alimentos in natura subiram muito de valor no início do ano, com a menor oferta no mercado doméstico, causada por problemas climáticos. "Mas nessa época do ano, a oferta começa a se regularizar novamente, e os preços dos in natura mostram queda. Isso não está acontecendo tanto agora." No ano, os preços dos produtos ainda acumulam alta de 31%.

Ou seja, a queda nos valores dos alimentos serve para explicar a desaceleração da inflação da baixa renda de março para abril. Mas o fato de não mostrarem um recuo mais expressivo também é o motivo de o IPC-C1 continuar com uma taxa elevada para esta época do ano. "Caso fossem excluídos os preços dos alimentos in natura do cálculo do indicador, o índice teria subido 0,90% e não 1,28%", disse Braz.

Categorias – Das sete classes de despesa usadas para cálculo do IPC-C1, três apresentaram decréscimos em suas taxas de variação de preços de março para abril. Alimentação (de 3,31% para 2,52%), transportes (de 0,37% para recuo de 0,01%) e despesas diversas (de 0,48% para zero).

As outras categorias de gastos tiveram aceleração. É o caso de saúde e cuidados pessoais (de 0,37% para 1,28%); educação, leitura e recreação (de 0,23% para 0,57%) e habitação (de 0,08% para 0,29%).

A classe vestuário, por sua vez, que havia registrado queda de 0,91% em março, no mês passado apurou alta de 1,13%.

Para maio, a expectativa é de desaceleração do IPC-C1. No entanto, para o fechado do ano a previsão é de que a inflação da baixa renda suba.