Mais empregos e salários maiores
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Oferta recorde de 230 mil vagas em outubro foi acompanhada de aumento da remuneração inicial, que acumula alta real de 4% no ano
Vânia Cristino
Victor Martins
Empregos e salários estão em alta no Brasil. Pouco mais de um ano do início da crise financeira internacional — marcada pela quebra do banco Lehman Brothers —, o mercado de trabalho dá sinais de que deixou o fantasma do desemprego e do baixo salário para trás. As vagas com carteira assinada em outubro deste ano, de 230.956 novos postos, são um recorde para o mês em relação aos anos anteriores, sem crise. Mesmo em 2007 — que foi, até agora, o melhor ano —, o saldo líquido do décimo mês ficou em 205.260 novas oportunidades. No acumulado do ano, o saldo líquido atinge 1.163.607. Os dados foram divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho.
O crescimento da oferta, principalmente na indústria da transformação, que deu um salto no mês e conseguiu superar o desempenho do setor de serviços (em outubro o incremento de postos de trabalho pelo setor industrial foi de 74.552, enquanto o setor de serviços gerou 69.581novas vagas), foi acompanhado pelo aumento do salário real de admissão. De um mês para o outro, a elevação real do salário foi pequena, de apenas 0,97%, mas, no ano, acumula alta de 4,40% acima do Índice Geral de Preços ao Consumidor (INPC).
Segundo os técnicos do Ministério do Trabalho, a recuperação do salário real acompanhou, com defasagem, o salário mínimo, que teve reajuste expressivo no início do ano, passando de R$ 415,00 para R$ 465,00. Foi esse dinheiro injetado na economia, aliado aos programas de crédito, que acabou por elevar a demanda. A força do consumo interno bateu na indústria que, com estoques baixos, teve que voltar a contratar para atender o comércio. “A indústria demitiu precipitadamente e, agora, está tendo que recontratar”, disse o ministro do Trabalho, Carlos Lupi.
Sem dificuldades
Josué Cabral Mafra, de 23 anos, é um dos beneficiários do aquecimento do mercado de trabalho. Ele afirma que não teve dificuldades em conseguir uma colocação. “Entreguei quatro currículos e logo fui contratado”, disse. Josué trabalha como vendedor de óculos de sol. Contente com a oportunidade, ele conta com a simpatia para cativar fregueses e conseguir um bom resultado. O que conseguir guardar do salário tem um destino certo: a produção de um disco de reggae.
Com o otimismo que lhe é característico, Lupi declarou que novembro, mês no qual historicamente o emprego começa a cair, vai surpreender. “Vamos ter saldo positivo de mais de 150 mil novos empregos”, assegurou. Para dezembro, que é sempre de desempenho negativo, Lupi avalia que será a menor demissão da história e chegou a arriscar um número: perda de 200 mil postos de trabalho. Feitas as contas, o ministro disse esperar fechar o ano com saldo positivo entre um milhão e um milhão e cem mil novos empregos em 2009. Para 2010, Lupi garantiu recorde de dois milhões de postos, com o Produto Interno Bruto do país (PIB) crescendo a uma taxa entre 7% e 8%.
Se, em outubro, a indústria ultrapassou o setor de serviços em termos de oferta, no acumulado do ano a liderança dos serviços é total. Foram 481.007 novas oportunidades com carteira assinada. Esse desempenho foi seguido de longe pela construção civil ( 210.360 novas vagas de janeiro a outubro) e pelo comércio (mais 169.998 postos). No último mês, apenas a agricultura, por conta da entressafra no Sudeste, demitiu 11.569 trabalhadores. No ano, no entanto, o resultado do setor é positivo, com a geração de 118.475 postos.
A abertura de vagas foi generalizada em todas as regiões e estados do país. O conjunto de nove áreas metropolitanas apresentou desempenho expressivo em outubro (mais 103.316 postos), com destaque para São Paulo e Rio de Janeiro. O desempenho no interior foi mais modesto, com a criação de 67.194 oportunidades de trabalho, influenciado pela sazonalidade do setor agrícola.
Perspectivas melhores
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O baiano Dennis Stanlei Carvalho, 21 anos, faz parte do contingente de brasileiros que conseguiu emprego em 2009. Há cerca de um mês, o jovem se mudou para o Distrito Federal para tentar fazer um curso superior de design, mas precisava de um emprego para se manter e pagar o curso pré-vestibular. “Não foi tão difícil assim. Há vagas no mercado, mas, nem sempre, as pessoas estão preparadas para ocupá-las”, disse. Carvalho conseguiu um emprego como vendedor de sapatos em um shopping de Brasília há uma semana. “Vou usar meu salário para pagar meu cursinho”, disse.
Lyvia Joanne Rodrigues, 17 anos, conseguiu o primeiro emprego com carteira assinada há um mês. Com a renda que vai obter, pretende pagar uma faculdade de administração. “Como eu ganho comissão, espero vender muito para poder pagar meu curso”, disse. (VM)
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