Viagem à China confirma US$ 15 bi para Brasil
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PEQUIM – Contratos de financiamento e acordos de parceria totalizando US$ 15 bilhões foram assinados ontem durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, agora o principal parceiro comercial do país. Os contratos envolvem empréstimo de US$ 10 bilhões para a Petrobras, US$ 800 milhões para o BNDES, US$ 100 milhões para o Itaú BBA, além de investimento de US$ 4 bilhões de uma companhia chinesa no grupo de Eike Batista e outras operações menores. O produtor automotivo Chery confirmou também que vai produzir carros no país.
Para o presidente Lula, os contratos firmados ajudarão a expandir mais o comércio bilateral e permitirão a participação chinesa em importantes projetos. A decepção veio nas áreas de carne suína e na manutenção do bloqueio de um contrato de venda de 45 jatos da Embraer, com vagas promessas de que os assuntos serão ” analisados ” .
Lula e o presidente Hu Jintao destacaram a importância dos dois países como grandes economias emergentes com maior potencial de sair da crise atual, e assinaram uma série de entendimentos sinalizando que a abrangência da parceria estratégica vai bem além do plano bilateral. Eles pediram a reforma urgente da arquitetura internacional para torná-la ” mais justa e equilibrada ” e defenderam a oferta de mais recursos por parte do FMI e Banco Mundial para países em desenvolvimento afetados pela crise.
Sobre a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), espécie de diretório político do planeta, a nuance foi clara. Para o Brasil, essa reforma é ” inexorável ” e a China terá papel importante para definir novos membros permanentes. A resposta chinesa não diferiu muito das outras, porque o país resiste em mudar o Conselho de Segurança para não admitir a entrada do Japão.
Na área comercial, o presidente Lula tinha proposto a Jintao, em Londres, à margem do G-20 financeiro, o uso das duas moedas, yuan e real, no comércio bilateral. Pequim, porém, tomou suas distâncias no momento. Lula propôs uma reunião de ministros de Finanças e dos presidentes dos bancos centrais de ambos para discutir cooperação financeira, incluindo alternativas no financiamento comercial.
Lula e Jintao consideram o ” aumento do protecionismo ” no comércio uma reação à crise econômica internacional e avisaram que China e Brasil não aceitam a proposta dos Estados Unidos, de ” saltar ” partes das negociações da Rodada Doha e negociar cortes tarifários de maneira bilateral.
Lula foi chamado de ” grande amigo da China ” , sob aplausos, e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, destacou que o convite de Hu Jintao a Lula para dois jantares demonstra o grande interesse da China pelo Brasil.
A visita de Lula termina hoje focalizando a área espacial. Ela marcará a continuidade e a expansão do programa Cebers (Agência Espacial Brasileira e Administração Estatal do Espaço da China). Serão lançados mais dois satélites, em 2010 e 2013, e as imagens geradas serão colocadas gratuitamente à disposição de países em desenvolvimento.
Na viagem, mais uma vez, a popularidade do presidente ficou clara. Ao sair do seminário com executivos dos dois países, ele foi ” submergido ” por empresários, que queriam ser fotografados ao lado dele. Lula atendeu a todos com paciência e ainda deu palpites sobre como fazer a foto.
(Assis Moreira | Valor Econômico)