O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve vetar as alterações feitas pelo Congresso na Medida Provisória 440, que reajusta os salários de mais de 90 mil funcionários e reestrutura carreiras. Com isso, devem ser excluídas da MP a equiparação dos auditores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) aos da Receita e a reorganização da carreira dos servidores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
|
As mudanças na MP, feitas pelo Senado e aprovadas pela Câmara, aumentariam ainda mais o custo dos reajustes previstos originalmente na proposta do governo. No caso do Ipea, a alteração feita no Senado transformaria em carreira de Estado funcionários de nível técnico, que hoje ganham, em média, algo entre R$ 3,2 mil e R$ 3,5 mil e que, com a alteração feita na MP, passariam a ganhar R$ 8,5 mil até 2015.
|
O impacto financeiro da MP 440 é estimado em R$ R$ 20,9 bilhões – R$ 1,9 bilhão em 2008, R$ 4,7 bilhões em 2009, R$ 6,6 bilhões em 2010 e R$ 7,7 bilhões em 2011. "A tendência do presidente é vetar a criação de novas despesas pelo Congresso", informou ontem um ministro, referindo-se à inclusão de novos reajustes e reestruturações de carreira na MP 440.
|
O governo, segundo esse ministro, se "arrependeu" de ter encaminhado propostas de reajuste salarial para o funcionalismo num ano de crise. Além da 440, uma outra MP, com reajustes para os servidores, a 441, tramita no Congresso. Seu impacto nas contas públicas em cinco anos é estimado em R$ 31,6 bilhões.
|
"Se pudesse voltar no tempo, o governo não teria proposto essas medidas. O problema é que essas MPs foram pensadas num outro momento da economia, sem crise. Agora, a situação é outra", ponderou um ministro próximo de Lula. A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, é uma das mais preocupadas com a expansão do custeio, especialmente, com o funcionalismo.
|
Em conversas com o presidente Lula, a ministra tem defendido a necessidade de controle desses gastos, alegando que eles ameaçam a execução dos investimentos, principalmente, os do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Outro ministro preocupado com esses reajustes é Guido Mantega, da Fazenda. Na avaliação de Dilma e Mantega, o aumento dos investimentos poderia funcionar, neste momento de crise, como um mecanismo anti-cíclico, compensando, em parte, a contração dos investimentos privados.
|
|