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Adeus, Wall Street

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IstoÉ Dinheiro

Colapso das finanças nos Estados Unidos começa a trazer de volta financistas brasileiros que fizeram fama e fortuna na América

HOUVE UM TEMPO EM QUE TRABALHAR EM WALL STREET, a meca do sistema financeiro global, era o sonho de carreira de qualquer executivo. Prestígio, realização pessoal e bônus milionários faziam parte de um pacote sedutor, que atraiu talentos de várias partes do mundo – inclusive do Brasil. Agora, com a implosão do mercado financeiro americano, esse quadro começa a mudar. O retorno ao mercado brasileiro parece não ser mais um mau negócio. Como os países emergentes têm crescido acima da média global, esse time de especialistas virou um belo ativo para se ter em casa. E não é só uma questão de oportunidade local. Com a recessão batendo à porta dos Estados Unidos, e a bancarrota de seguradoras e bancos de investimento nos corredores de Wall Street, está claro que o emprego de qualquer um está na corda bamba. Estima-se que pelo menos 130 mil pessoas devem perder seus empregos no mercado americano durante a crise, que já é a pior enfrentada pelo país desde 1929. Em Londres, 670 funcionários do Lehman Brothers foram demitidos na semana passada e muitos disseram que gostariam de migrar para países emergentes. “O mercado financeiro é um dos setores mais globalizados do mundo. Se alguém quebra lá fora, são centenas de especialistas de altíssimo nível na rua e preparados para vir para o Brasil, China ou Rússia”, diz Fábio Silveira, sócio da RC Consultores.

Quem já arrumou as malas, por razões não ligadas à crise, foi o economista Ricardo Amorim, que era o diretor de estratégia para mercados emergentes do banco alemão WestLB. Discretamente, ele negociou a sua volta ao Brasil nas últimas semanas, após cerca de quatro meses de negociação com a Concórdia Corretora, ligada à Sadia. Depois de oito anos em Nova York, Amorim retorna como CEO da Asset Management da Concórdia, em São Paulo, onde terá 30 pessoas sob seu comando. “Era o momento de voltar, pois Nova York é hoje uma cidade deprimida”, diz. Além disso, ele segue os passos de dois grupos de amigos que fizeram o mesmo caminho nos últimos anos. “Aqueles que eram de países emergentes, também foram embora. Confesso que isso pesou também.”

Na lista de possíveis economistas que costuram planos para voltar ao Brasil, há rumores de que Paulo Leme, diretor para países emergentes do Goldman Sachs, estaria pensando em mudar de endereço. Ele desmente: “Não é verdade”, disse à DINHEIRO. Especulações dão conta de que sua volta seria para a sede do banco em São Paulo. Nessa lista, outro nome de peso é Persio Arida, um dos formuladores do plano Real. Arida acaba de se tornar membro do comitê executivo da BTG (Banking and Trading Group), companhia brasileira de investimentos de André Esteves, ex-UBS Pactual. Especulava- se a possibilidade de ele se juntar a Esteves e trabalhar em São Paulo. Arida, que coordena a filial em Londres, nega o rumor. Nessa onda de apostas em mercados emergentes, há também muito estrangeiro abandonando a terra natal. Em abril, logo depois que o Brasil foi anunciado como o maior mercado acionário emergente pela Morgan Stanley, Charles Stewart, que atuava em Nova York, decidiu comandar de São Paulo a área de investimentos. Não deve voltar tão cedo aos Estados Unidos.