Recadastramento pode cortar 15% dos gastos da PrevidênciaMara Luquet
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O recadastramento dos aposentados da Previdência surpreende os bancos. O número de beneficiários que compareceram até agora à rede bancária para atualizar os dados é muito inferior ao esperado inicialmente – cerca de 45% ainda não se apresentaram. Diante disso, bancos responsáveis pela operação estimam que, ao término do processo, em fevereiro de 2007, o número de beneficiários e as despesas da Previdência serão reduzidos em cerca de 15%. Os gastos teriam, portanto, corte de R$ 20 bilhões, equivalente a 1% do PIB e capaz cortar um terço do déficit previdenciário.
A operação de recadastramento, segundo os bancos, vai expor a magnitude do descontrole nas contas da Previdência. Descobriu-se nos cadastros, por exemplo, que o número de benefícios pagos a brasileiros com 90 anos ou mais, em 2001, era quase o dobro da população nessa faixa etária existente no país (474.594 benefícios para uma população de 242.992). O desencontro dos dois cadastros explica-se em parte porque existem pessoas que recebem mais de um benefício, explica José Cecchin, ex-ministro da Previdência no governo Fernando Henrique Cardoso. Mas, os analistas que estão vasculhando esses números acham que a diferença é grande demais e estão certos que resulta também de fraudes.
Na primeira fase da operação, que terminaria em dezembro, mas foi prorrogada até fim de fevereiro, foram chamados para o recadastramento cerca de 2,6 milhões de aposentados de um total de 13 milhões. Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), a média de atendimento nas agências até agora chega a 55%. O Banco do Brasil, responsável pelo pagamento de 25% do universo dos aposentados, só conseguiu recadastrar 50% dos 641 mil clientes que atende. No Banco ABN-Amro Real, o índice está em 42%, no Bradesco, em 63% e no HSBC, em 25%.