Consórcio de imóveis cresce 42% em 2005
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Em 2005, quase 2 milhões de pessoas compraram consórcios e o setor cresceu 14%. As motocicletas lideraram as vendas, mas foram os imóveis que tiveram o maior crescimento. Entre janeiro e novembro, foram vendidos 170 mil consórcios de imóveis, um aumento de 42% em relação ao mesmo período de 2004, mostram os últimos dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac) e do Banco Central. Os dados fechados de 2005 devem estar disponíveis no início de fevereiro.
Com o desempenho do ano passado, o número de pessoas com consórcios de imóveis chegou a 309,6 mil. “Apesar do crescimento, o número ainda é pequeno perto do potencial do mercado imobiliário do Brasil”, diz Rodolfo Montosa, presidente da Abac.
O fato de os consórcios não exigirem comprovação de renda, na avaliação de Montosa, é o principal diferencial, atraindo muita gente do mercado informal que não tem acesso a outras formas de financiamento imobiliário. No consórcio, a comprovação é necessária apenas após a contemplação. Os planos são, em geral, de 10 anos. Outro atrativo é a ausência de juros.
Com o crescimento dos consórcios, principalmente dos imóveis, a maioria dos bancos brasileiros, como Bradesco, Banco do Brasil, HSBC, Banespa e Banco Real, resolveu entrar no segmento nos últimos anos.
Um dos últimos foi o Citibank, que, ao invés de criar uma administradora, fechou em novembro uma parceria com a Rodobens para distribuição de produtos em suas agências. Além do Citi, a Rodobens também fechou um acordo semelhante com o Banco ibi, da C&A, e é o administrador dos consórcios da SulAmerica, que resolveu entrar no segmento na metade do ano passado.
“Tivemos um ano muito bom”, diz Pedro Santos, presidente da Rodobens. O faturamento da empresa cresceu 38% em 2005, batendo em R$ 2,1 bilhões. As vendas de consórcio de imóveis bateram em R$ 580 milhões, 25% acima do desempenho de 2004. Nos caminhões, as vendas batem em R$ 1 bilhão, 16% maior que em 2004.
Os imóveis já representam hoje cerca de 10% do setor de consórcios no Brasil. Há pouco mais de dois anos, a participação era quase zero. O setor automotivo (motos, caminhões e ônibus) é o o que tem maior peso: 80%.
Entre janeiro e novembro, foram vendidas 1,28 milhão de novas cotas de autos, 2,4% a mais que em igual período de 2004. “Por ser um setor tradicional nos consórcios, o crescimento é menor que o de outros segmentos”, avalia Montosa. Consórcios de carro e moto já existem há 40 anos. O segmento tem quase 2,8 milhões de consorciados.
De cada oito carros vendidos no Brasil, um é por consórcio. Nas motocicletas, a proporção é ainda maior: de cada 2,3 motos vendidas, uma é pelo sistema. Em 2005, foram vendidos quase 800 mil consórcios de motos. Hoje, 1,8 milhão de pessoas compraram motos por esse sistema. Montosa avalia que o consórcio de motos é a porta de entrada para o segmento. “Quem compra uma moto hoje pelo consórcio é um potencial comprador de um carro ou um imóvel no futuro por meio de um consórcio”, diz. Dentro do segmento de veículos automotores, 64,4% das vendas ficam com as motos; 30,5% com veículos leves e o restante com os pesados.
Já o segmento de eletroeletrônicos, ao contrário dos carros e motos, começou a deslanchar há poucos anos. Banco do Brasil e grandes redes de varejo, como Magazine Luiza, passaram a oferecer o produto. Em 2005, foram vendidos quase 30 mil consórcios destes produtos por mês, 65,3% superior a media de 2004. O número de participantes chegou a 317,4 mil em novembro, aumento de 55% em relação ao mesmo mês do ano anterior.
Para 2006, as projeções da Abac são de crescimento de 10%. O número, admite Montosa, é conservador e reflete o desaquecimento da economia em 2005. “Crescemos menos que esperávamos porque a economia não andou”, diz. Em ano eleitoral, as expectativas de Santos, da Rodobens, são de que o aumento de gastos do governo acabe impulsionando o setor.