Paraibanos terão R$ 100 mi em microcrédito
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JORNAL DA PARAÍBA
JEAN GREGÓRIO
Uma “revolução silenciosa” vem acontecendo na Paraíba com a interiorização do microcrédito orientado: a formação de uma legião de ‘microempreendedores’ que alia inclusão social com empréstimo a juro barato, munida de capacitação e para criação de negócios de pequeno porte. Inspirados na filosofia do banco popular de Bangladesh, o ‘Grameen Bank’, do professor de economia e Prêmio Nobel da Paz, em 2006, Muhammad Yunus, apelidado de “banqueiro dos pobres”, entidades como Centro de Apoio aos Pequenos Empreendimentos (Ceape) de Campina Grande, o ‘Crediamigo’ do BNB, o programa ‘EmpreenderJP’ da Prefeitura de João Pessoa e o ‘Meu Trabalho’ do governo do Estado estão mudando a perspectiva de vida e mentalidade de milhares de paraibanos de baixa renda que encontraram no acesso ao crédito não apenas para o consumo, mas uma oportunidade de gerar novos negócios a partir de sua vocação empreendedora.
Para se ter uma idéia, somente esses quatro programas vão emprestar juntos este ano mais de R$ 100 milhões a diversos tipos de pequenos negócios que vão desde lanchonetes caseiras e lojas de confecção, passando por docerias, salões de beleza, artesanato, minimercadistas e chega até produtos agroecológicos. A mudança de mentalidade de pequenas comunidades, que vem sendo trabalhada pelos programas, chegou a mais de 170 municípios do Estado e começa a atingir contingentes do Bolsa Família na Paraíba, que poderão migrar para esses programas. Estudos já apontam que o microcrédito orientado é a ‘porta de saída’ para os beneficiados do programa de transferência de renda do governo federal. Na Paraíba, existem mais de 400 mil famílias beneficiadas e dependentes do Bolsa Família.
Para a maioria dos 223 municípios paraibanos que não dispõem de qualquer alternativa de trabalho com exceção de emprego na prefeitura ou aposentadoria do INSS, a chegada do microcrédito orientado potencializa não apenas vocações, mas gera uma infinidade de novos negócios no Estado com pequenos empréstimos médios que começam com apenas R$ 100 e podem chegar a R$ 6.500, mas a média oscila entre R$ 1.500 a R$ 2.000. Para evitar mais custos para os microempreendedores que na quase totalidade informais, a maioria dos negócios são criados dentro das próprias casas.
Com apenas três anos de existência, o Programa Municipal de Apoio aos Pequenos Negócios (Empreender-JP) se tornou uma referência nacional para diversas prefeituras e um dos mais cotados como modelo. Em 2006, o programa recebeu o prêmio ‘Super Cidades’ como melhor programa de microcrédito do Brasil por disponibilizar crédito a juro baixo (0,9% ao mês) e somente liberá-lo após os interessados realizarem um curso de gestão de negócios. “Emprestamos às pessoas desbancarizadas, sem garantia de empréstimo e até mesmo com nome no SPC, pois o objetivo do programa é incluir e possibilitar oportunidades de um pequeno negócio”, avaliou o secretário de Desenvolvimento Sustentável da Produção (Sedesp), Raimundo Nunes Pereira.
Inspirado inicialmente no Empreender-JP, o programa ‘Meu Trabalho’ do governo do Estado criado há um ano, concedeu R$ 5 milhões de crédito produtivo orientado aos microempreendedores populares formais e informais de 33 municípios. Entretanto, o secretário de Turismo e Desenvolvimento, Roberto Braga, aponta diferenças dos outros programas no segmento. “Além de termos a menor taxa de juros do Estado: 0,85% premiamos aqueles que pagam em dia com o desconto de 20% o que reduz a taxa para 0,68% ao mês. O governo banca o custo operacional, pois nosso programa está voltado para a política pública e não para o lucro. Uma das premissas do programa é o acesso ao crédito com baixo custo financeiro”, informou.