Dos 250 dias de trabalho, apenas 165 são produtivos
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Vanessa Rosal
O trabalhador brasileiro está cada vez mais improdutivo. Uma pesquisa realizada pela Proudfoot Consulting, consultoria americana especializada em atuação operacional, revela que dos 250 dias considerados úteis no País, apenas 165 são realmente de trabalho nas grandes corporações. O restante, 85 dias, são totalmente desperdiçados. O principal motivo são funcionários apáticos e incompetentes, que permanecem 34% do tempo completamente inativos dentro das companhias em que trabalham.
O estudo mostrou que a falta de profissionais qualificados (23%) e a falta de gerência pró-ativa (21%) são os principais fatores de não haver um constante crescimento da produtividade nas empresas.
No Brasil, quando se trata de competitividade nos próximos 12 meses, a redução de custos e a melhoria da receita aparecem em 23% das entrevistas, seguida pela elevação da produtividade, em 22%, e por investimento em tecnologia, em 18%, segundo estudo.
Apesar do resultado negativo, 74% dos brasileiros classificaram a produtividade em suas companhias como muito boa ou boa, enquanto nos países desenvolvidos essa taxa não alcança números tão altos. Na Alemanha, por exemplo, esse percentual chega a 53% e, no Reino Unido, a 58%. "A auto-reflexão nos países desenvolvidos, em que as taxas de produtividade já são altas, é maior, pois há mais perspectivas de crescimento. Já no Brasil, onde a produção é baixa, os números refletem comodismo em ampliar a eficiência nas empresas", diz o presidente da Proudfoot Consulting no Brasil, Manfred Stanek.
Conversas e internet – Para a consultora de recursos humanos da Catho, Gláucia Santos, o alto índice da carga horária de trabalho desperdiçada pelos brasileiros vem de conversas paralelas aos assuntos de trabalho, acessos a sites de relacionamentos e programas de conversas instantâneas, como o MSN. "Geralmente, o problema pode ser detectado em pessoas isoladas. Nesse caso, a improdutividade é pessoal e deve ser resolvida com a gerência da área. Quando o problema é de um grupo inteiro, a culpa é da chefia."
Ela diz que é necessário desenvolver uma cultura de incentivos à produtividade dentro das empresas, impor limitações aos funcionários, e criar um espaço determinado fora do horário de almoço para que as pessoas relaxem. "Quando se dá liberdade demais, fica difícil controlar. Mas é importante que exista um espaço de tempo para a descontração."
Falhas na gestão – O setor de recursos humanos da Aspa Cosméticos, por exemplo, se preocupa com a produtividade em todos os níveis. De acordo com o diretor da empresa, Dimitri Giokáris, os piores índices de improdutividade não se detectam onde a maioria das pessoas pensam, na linha de produção, mas nas gerências. "São raríssimas as empresas que não têm esse problema". As falhas são observadas na prática, em casos de atrasos de tomada de decisão ou resoluções baseadas em pressupostos não verdadeiros.
Para tentar amenizar a improdutividade, foram desenvolvidos treinamentos externos de técnicas de medição, relatório, sinopse, objetividade e comprometimento. Também são dados cursos de segurança do trabalho, saúde e visão geral. "Os empregados da empresa são induzidos a pensar no que estão fazendo para participar da gestão, e a aprender a ter satisfação ao ver os processos funcionarem", afirma.