PF descobre fraude de R$ 1,5 bilhão nas importações da Cisco Systems
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Operação com Receita e Ministério Público desarticula esquema com mais de 30 empresas e prende 40 pessoas
Vannildo Mendes e Adriana Fernandes
A multinacional americana do setor de informática Cisco Systems e sua subsidiária no Brasil foram os principais alvos da Operação Persona, da Polícia Federal, em conjunto com a Receita e o Ministério Público, para desmontar um esquema gigantesco de fraudes no comércio exterior. Montado em São Paulo e com ramificações no Rio de Janeiro e na Bahia, o esquema teria causado um prejuízo de R$ 1,5 bilhão em sonegação de impostos em cinco anos.
A investigação começou há dois anos. Segundo o Ministério Público Federal, pelos menos oito crimes teriam sido praticados: formação de quadrilha, falsificação de documentos, uso de documento falso, corrupção ativa e passiva, contrabando, sonegação de impostos, ocultação de patrimônio e interposição fraudulenta de importações. Existe ainda uma suspeita de evasão de divisas.
O juiz Alexandre Cassetari, da 4ª Vara Federal Criminal de São Paulo, determinou, nos dias 27 de setembro e 3 de outubro, o cumprimento de 41 pedidos de prisão temporária por cinco dias. Foram cumpridos ontem 93 mandados de busca e apreensão de documentos e bens e presas 40 pessoas, incluindo o atual presidente da Cisco do Brasil, Pedro Ripper, o ex-presidente Carlos Roberto Carnevali e dois outros dirigentes da empresa. Mais de 30 empresas estão envolvidas.
Também foi preso Moacir Álvaro Sampaio, sócio-presidente da importadora Mude. Empresa brasileira com filial nos EUA, a Mude intermediava importações de produtos da Cisco, com maquiagem na documentação para camuflar as fraudes, segundo a PF.
Entre os demais presos estão seis auditores da Receita, que atuavam na legalização das importações fraudulentas, além de dirigentes e sócios de empresas off-shore envolvidas. As investigações, que tiveram a ajuda da polícia americana, prosseguem agora nos Estados Unidos e podem levar à prisão de mais pessoas, entre as quais dirigentes americanos da multinacional e pelo menos cinco outros brasileiros que trabalhavam para o esquema.
“Tivemos toda colaboração da polícia americana e acreditamos que haverá desdobramentos por lá a partir de agora”, disse o chefe da Inteligência da Receita, Gerson Schaan.
O esquema, segundo a PF e a Receita, teria sido montado por empresários brasileiros em conluio com a multinacional, líder mundial no segmento de serviços e equipamentos de alta tecnologia para redes corporativas, para internet e telecomunicações. A Cisco informou que “busca saber exatamente o que aconteceu e que está cooperando com as investigações”. A Mude não comentou o caso.