Maiores empresas do País devem R$ 150 bilhões
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Diário do Nordeste
Brasília Os maiores bancos brasileiros montaram uma operação orquestrada para afastar o risco de calote que ronda as 15 principais empresas do País. Juntas, essas companhias acumulam uma dívida com o sistema bancário nacional de cerca de R$ 50 bilhões. Se incluídos os financiamentos no exterior, esse número sobe para R$ 150 bilhões. Nessas contas, porém, fica de fora a Petrobras, que, sozinha, responde por um endividamento bruto de R$ 500 bilhões. O rebaixamento da classificação de risco do Brasil e das principais companhias e bancos brasileiros tornou mais difícil e mais cara a renegociação das dívidas lá fora.
Para permitir a renegociação em condições mais favoráveis às companhias endividadas, integrantes do governo vêm pressionando o Banco Central a liberar parte do dinheiro que os bancos são obrigados a deixar na instituição. A ideia é que o BC libere parte dos depósitos compulsórios com a condição que os bancos usem esses recursos em linhas de financiamento para que as empresas resgatem os papéis emitidos no exterior.
Outra medida em estudo, que também a enfrenta resistência da autoridade reguladora, é afrouxar as exigências do chamado índice de Basileia, que institui regras prudenciais às instituições financeiras para manter equilibrada a relação entre o capital próprio do banco e os empréstimos concedidos.
Segundo uma fonte da equipe econômica, há defensores até mesmo do uso das reservas internacionais e de dinheiro público nessas operações. Alguns “balões de ensaio” nesse sentido já foram lançados, mas a adoção dessas medidas é muito improvável. A meta é evitar que essas grandes companhias – a maioria envolvida na Operação Lava Jato – fiquem inadimplentes.
Risco bancário
A consequência seria uma “minicrise bancária”, como definiu um integrante do governo ao se referir ao risco de insolvência de instituições de médio porte. De acordo com ele, os cinco maiores bancos, que concentram 70% dos ativos do setor, não correm risco de quebrar.
Por outro lado, enfrentariam problemas, porque precisariam “baixar” em seus balanços entre 50% e 70% dessas dívidas. Isso num momento em que não há folga de capital.