Taxas são as menores desde 2000
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Os juros cobrados nos empréstimos bancários caíram pelo segundo mês consecutivo, segundo levantamento do Banco Central. Entre fevereiro e março, a taxa média praticada nos financiamentos passou de 39,3% ao ano para 38,5%.
Não se trata de um custo muito baixo: quem toma um empréstimo nessas condições pelo prazo de dois anos irá pagar, só de juros, 92% do valor do financiamento. Ainda assim, a taxa de março é a menor já registrada pela série estatística do BC, que começa em 2000.
Também houve queda na parcela dos juros apropriada pelos bancos, embora numa magnitude menor do que a observada nas taxas. O chamado "spread" bancário caiu para o equivalente a 26,5 pontos percentuais em março, contra 27,2 pontos no mês anterior.
Isso significa que, dos juros médios de 38,5% ao ano cobrados em março, 26,5 pontos percentuais ficaram no caixa dos próprios bancos. Esse "spread" serve para cobrir custos como manutenção de agências, pagamento de impostos, entre outras despesas. Parte disso também ajuda a aumentar os lucros das instituições financeiras.
Isso significa que, dos juros médios de 38,5% ao ano cobrados em março, 26,5 pontos percentuais ficaram no caixa dos próprios bancos. Esse "spread" serve para cobrir custos como manutenção de agências, pagamento de impostos, entre outras despesas. Parte disso também ajuda a aumentar os lucros das instituições financeiras.
A queda de março foi maior nos financiamentos a pessoas físicas, cujos juros recuaram de 50,8% ao ano para 49,9%. Parte dessa queda, porém, é resultado de um efeito estatístico. O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, diz que os juros mais baixos cobrados no mês passado foram influenciados pela concessão de empréstimos baseados na antecipação da restituição do Imposto de Renda.
Nesses casos, os juros nos bancos são bem menores do que a média, pois são pequenas as chances de um calote – o financiamento é quitado quando a pessoa recebe a restituição. Nas vésperas do fim do prazo para a entrega da declaração de IR, a concessão desses créditos costuma aumentar, o que puxa para baixo a taxa média dos empréstimos como um todo.
De acordo com Lopes, a antecipação das restituições representa cerca de 10% do volume de crédito pessoal oferecido pelos bancos, que em março totalizava R$ 85,8 bilhões.
O funcionário do BC diz que os juros devem continuar a cair ao longo do ano, mas pequenas altas podem ser observadas depois que o efeito positivo dos empréstimos ligados à restituição de IR passar. "A tendência geral é de queda, com a possibilidade de elevações pontuais em alguns meses", afirma.
Os juros cobrados nos financiamentos a empresas também caíram: a taxa média passou de 26% ao ano para 25,4% entre fevereiro e março.
A inadimplência, que é uma das justificativas usadas pelos bancos para explicar os altos juros praticados no Brasil, dá sinais de queda. Se considerados os empréstimos concedidos com recursos livres – linhas de crédito em que os juros não são controlados pelo governo -, o atraso atingia, no mês passado, 4,9% do total.
O levantamento do BC também apresentou uma nova estimativa para a relação entre crédito disponível no país e PIB (Produto Interno Bruto). Em março, nova metodologia usada pelo IBGE mostrou que o PIB dos últimos anos foi maior do que se previa. Com isso, a relação entre crédito e PIB, que, pelos dados antigos, estava em 34,6%, foi para 31,3% em março pelos números revisados.