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Comércio porta-a-porta cresce e fatura, até setembro, R$ 8,6 bilhões

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O comércio porta-a-porta – tido como um dos poucos segmentos que não apenas resiste a crises como chega a se beneficiar delas – continua em alta no país. Na contramão dos últimos índices macroeconômicos, que apontam desaceleração, o setor registrou um crescimento de 18% no volume de vendas no terceiro trimestre de 2005 depois de fechar o primeiro semestre com uma alta de 22%.

No ano, até setembro, as vendas pelo canal direto somaram R$ 8,6 bilhões, 19,4% acima dos R$ 7,2 bilhões faturados no mesmo período do ano passado, segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD).

O exército de consultoras, responsáveis por alimentar os resultados do setor, também cresceu. Entre 1999 e 2003, o número de revendedores ativos ficou estável em 1,2 milhão. No ano passado, porém, houve um salto de 21%, atingindo 1,5 milhão de consultores – marca que se manteve até setembro deste ano.

Somente a Avon responde por 66% desse total. A multinacional americana de cosméticos alcançou este ano a festejada marca de 1 milhão de revendedoras, a maior força de venda direta da empresa no mundo – ao todo, a empresa reúne 4,9 milhões de pessoas. A Avon, inclusive, está na mídia com uma campanha para anunciar a conquista.

A Natura divulgou no balanço do terceiro trimestre um total de 475,1 mil consultoras no Brasil e 34 mil na América Latina. ” Trata-se de um importante complemento de renda, por isso cada vez mais gente ingressa no sistema ” , afirma Rodolfo Gutilla, presidente da ADVB.

Em número de revendedoras, as duas empresas representam mais de 95% do setor. Em vendas, Natura e Avon também são as grandes locomotivas do segmento. Estima-se que sejam responsáveis por mais de 70% do total.

Além de ser impulsionado pelos bons resultados de Natura e Avon – a primeira aumentou seu lucro líquido em 30,4% no terceiro trimestre, enquanto a americana estima um faturamento 20% maior este ano no Brasil – o setor também tem tido incremento de vendas em categorias menores, como suplementos alimentares. ” É um mercado atraente, que as empresas têm olhado como uma boa oportunidade de negócios ” , diz Gutilla. Entre as companhias de vendas diretas que vendem o produto estão Herbalife e Nu Skin.

Quarto maior país em vendas diretas, o Brasil começa a se destacar na venda de outros produtos, além dos tradicionais perfumes e cosméticos. O principal destaque é a área de higiene pessoal, especialmente sabonete e xampu, algo que não acontece em países consagrados na venda direta como Estados Unidos e Japão. ” É um fenômeno brasileiro muito interessante e mostra uma mudança cultural ” , diz Gutilla.

O comércio porta-a-porta representa 24% das vendas de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, segundo dados da Abihpec. No caso dos sabonetes, a venda direta já representa 13% do total. Um mérito, considerando-se o fato de ser um produto de consumo rápido. ” Há produtos diferenciados dos que existem nas gôndolas ” , afirma o presidente da ADVB. Os preços dos sabonetes, diz Gutilla, até encolheram na venda direta, o que garantiu maior competição com os produtos oferecidos nos supermercados.

Os setores tradicionais na venda direta, porém, mantiveram a performance positiva. De acordo com pesquisa da Abihpec de 2004, 69% dos perfumes são vendidos via revendedores. Outro segmento que cresce nesse modelo de vendas são os cuidados com a pele. Metade dos produtos vendidos na área são pelo sistema direto.

(Daniela D ? Ambrosio | Valor Econômico )