Desconto para computadores já está em vigor
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Medida foi publicada no Diário Oficial desta terça-feira (23).
Redes varejistas devem demorar alguns dias para colocar mudanças em prática.
A isenção fiscal dos computadores de até R$ 4 mil, uma das iniciativas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) anunciado nesta segunda-feira (22), já pode ser colocada em prática. A decisão foi divulgada no “Diário Oficial” desta terça-feira (23) e, teoricamente, os consumidores deveriam encontrar os descontos nas lojas ainda nesta semana. Apesar disso, é bom esperar um pouco antes de ir às compras, já que as redes varejistas podem levar alguns dias para realizar as mudanças.
O Extra e o Magazine Luiza — primeiras empresas a liberarem os descontos de máquinas de até R$ 2,5 mil em meados de 2005 — ainda mantêm os preços “antigos”. Mas é provável que em poucos dias os consumidores encontrem valores remarcados nas etiquetas, que exibirão descontos nos desktops e notebooks de até R$ 4 mil. A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) afirma que a redução nos preços desses computadores vai variar entre 10% e 12%.
Essa medida trará diversos benefícios para o setor de informática. Em entrevista ao G1, especialistas citaram diferentes vantagens causadas pela isenção de PIS e Cofins, como popularização dos notebooks, redução do mercado cinza (peças contrabandeadas), facilidade na compra de máquinas com configuração robusta e redução de gastos nas empresas que precisam adquirir computadores.
Até então, a isenção só beneficiava consumidores na compra de desktops com preço máximo de R$ 2,5 mil e notebooks de até R$ 3 mil. Esses descontos já em vigor incentivaram a compra legalizada e fizeram com que o mercado cinza passasse a vender máquinas com configuração mais robusta para poder competir. Por isso, acredita a Abinee, a ampliação dos benefícios deve reduzir ainda mais a participação dos PCs com peças contrabandeadas, que caiu de 74% em 2004 para 47% no terceiro trimestre de 2006.
Ivair Rodrigues, diretor da consultoria de tecnologia IT Data, concorda que a iniciativa dá força para os fabricantes ganharem clientes do mercado cinza. “Os notebooks contrabandeados custavam cerca de R$ 4 mil e, com a redução, o mercado legal vai incomodar essas vendas paralelas”, afirma o especialista. Ele lembra que, apesar de o governo perder arrecadação com a isenção fiscal, a recuperação desses valores se dá por meio da maior produção da cadeia oficial, que gera empregos e paga impostos.
Liberdade de escolha
Com a ampliação da faixa de preços beneficiada, o consumidor terá mais liberdade de escolha, podendo adquirir máquinas melhores do que aquelas incluídas na primeira etapa dos descontos. “Antes, alguns produtos com configurações robustas não eram contemplados. Agora, os consumidores poderão ter uma máquina com mais recursos por preço mais baixo e, assim, devemos ver um upgrade [melhora] na configuração dos PCs comercializados”, disse Valéria Molina, diretora do Grupo de Sistemas Pessoais para Consumo da HP Brasil.
Quando fala em máquinas mais robustas, Molina refere-se a maior capacidade de armazenamento, de memória, de processamento e monitores com mais qualidade. Os usuários com necessidades específicas, como aqueles que utilizam o PC para jogar, poderão ter uma placa de vídeo compatível com os games modernos e uma tela LCD widescreen, daquelas que aparecem entre os sonhos de consumo.
Já os laptops devem ganhar mais acessórios, como gravador de DVD e câmera integrada. Os portáteis devem, inclusive, ser os grandes beneficiados dessa iniciativa — um bom computador sem muitas extravagâncias não chega aos R$ 4 mil, mas os notebooks são geralmente mais caros. A consultoria IT Data estima que a isenção fiscal vai impulsionar a venda dos portáteis e também incentivar a redução de seu valor original, para que se enquadre na faixa de preço beneficiada. “Realmente vai valer a pena comprar essas máquinas de maneira legal”, disse o consultor Ivair Rodrigues.
Hora certa
Hélio Rotenberg, diretor da Positivo Informática, engrossa o time dos otimistas e afirma que a medida chegou na hora certa: na semana que vem, a Microsoft vai lançar mundialmente o sistema operacional Windows Vista para usuários domésticos. “Pelo fato de o pacote Premium dessa solução exigir muita memória e capacidade gráfica, não estávamos conseguindo enquadrá-lo dentro do benefício de até R$ 2,5 mil. Agora, esses desktops devem chegar ao mercado por cerca de R$ 2,8 mil e ficarão isentos dos impostos”, afirmou.
A fabricante Dell também enfrentava esse problema de não poder oferecer o benefício para muitas de suas máquinas — segundo a companhia, a maior parte dos desktops comercializados custa entre R$ 2,5 mil e R$ 4 mil. O gerente de produtos Ricardo Shiroma, da Dell, acredita que as maiores beneficiadas serão as empresas que precisam de computadores com configuração para rodar diversas aplicações e também máquinas com recursos de gerenciamento.