Economia informal movimentou R$ 730 bilhões no ano passado
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Portal Fenacon
A economia informal brasileira atingiu a marca de R$ 730 bilhões no ano passado. É o que afirma o Índice de Economia Subterrânea divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Etco) e Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).
Segundo o estudo, esse valor representa 16,6% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Na comparação com 2011, houve uma redução de 0,3 ponto percentual, já em 2011, a economia subterrânea – a produção de bens e serviços não reportada ao governo – era de R$ 733 bilhões.
Para o pesquisador do Ibre/FGV, Fernando de Holanda Barbosa Filho, o resultado é positivo considerando o baixo desempenho da economia no ano, já que a informalidade continua caindo. Apesar da leitura positiva, ele acrescenta que houve nos últimos dois anos uma desaceleração do ritmo de queda da economia subterrânea no País. "Essa desaceleração se deve, basicamente, ao recuo das contratações formais pela indústria e ao crescimento do setor de serviços, que é intensivo em mão de obra e está bastante dinâmico, mas tem níveis de informalidade maiores do que a indústria", disse.
Já o presidente executivo do Etco, Roberto Abdenur, ressalta que o governo deve criar medidas que facilitem a formalização, sobretudo nos setores de comércio e serviços, onde predominam os pequenos empreendedores. "Os níveis de adesão nesses setores ainda são bastante baixos."
Por fim, o estudo ressalta que a informalidade, além de suas relações com o crime organizado e de precarizar as relações de trabalho, traz prejuízos diretos para a sociedade, cria um ambiente de transgressão, estimula o comportamento econômico oportunista, com queda na qualidade do investimento e redução do potencial de crescimento da economia brasileira.
Pesquisa recentemente divulgada pelo SPC Brasil e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas mostrou que quase metade (49%) dos entrevistados não sabe o que fazer para regularizar o próprio negócio. Além disso, entre os que querem ampliar o negócio este ano, a maioria não pretende formalizá-lo porque teme a burocracia, a queda no rendimento e novos custos.
Para Roberto Abdenur, "além dessas questões, vale lembrar que, desde o fim de 2012, observa-se que o crescimento do mercado formal de trabalho atingiu seu limite em razão de dois grandes fatores: a rigidez das leis trabalhistas e o baixo nível de escolaridade do brasileiro". Ele destaca que "se, por um lado, suavizar as rígidas leis trabalhistas e reduzir a burocracia são tarefas cada vez mais imprescindíveis, investir em educação é muito mais do que uma meta, é uma obrigação para uma nação que se pretende forte e posicionada entre as principais economias do mundo".
O Etco acredita que conhecer o tamanho do problema é fundamental para combatê-lo. Muito se fala, mas pouco se conhece sobre informalidade, pirataria e sonegação, pois, como atividades ilegais, são elas de difícil mensuração. O índice é divulgado pela Etco, em conjunto com o Ibre/FGV desde 2007.
Fonte: DCI – SP