Montadoras devem ampliar investimento a até R$60 bi
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Notícias Agência Reuters
O novo regime automotivo detalhado pelo governo na quinta-feira deve incentivar uma elevação nos investimentos da indústria de veículos brasileira para entre 50 bilhões e 60 bilhões de reais até 2017 ante previsão de 44 bilhões entre 2011 e 2015, afirmou a associação de montadoras, Anfavea.
O regime Inovar-Auto, que entra em vigor em 2013 e vai até 2017, estabeleceu uma longa lista de condições para que montadoras já instaladas no país, novos entrantes e importadores de veículos possam obter incentivos fiscais de acordo com o nível de investimento em pesquisa e desenvolvimento, engenharia, redução de consumo de combustível e compras regionais de componentes e ferramentas.
No quesito eficiência energética, essencial para as empresas que quiserem se livrar de 30 pontos percentuais do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre seus veículos, a melhoria mínima cobrada pelo governo é de cerca de 12 por cento em 2017, que se traduz em um a redução média no consumo de combustível de 13,6 por cento, segundo a Anfavea.
Montadoras que conseguirem elevar os percentuais de melhoria energética, medida em megajoules, para 15,4 e 18,8 por cento, terão de um a dois pontos percentuais de redução adicional no IPI. Esses índices equivalem a consumos de combustível sendo reduzidos em 18,6 e 23,6 por cento respectivamente.
"Esses níveis de eficiência energética são um desafio. A meta de 2017 é o que se estará cobrando em 2016 na Europa, ficaremos apenas com um ano de diferença", disse o presidente da Anfavea, Cledorvino Belini, também presidente do grupo Fiat para a América Latina. "Tem muito investimento a ser realizado para atender a esses níveis", acrescentou. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a meta de 18,8 por cento, equivale à meta europeia de 2015, de emissões de 130 gramas de gás carbônico por quilômetro percorrido.
A avaliação inicial de investimentos da Anfavea envolve desde ampliação de capacidade de produção a dispêndios com pesquisa e desenvolvimento de novos componentes, como para-choques feitos de fibra de coco, disse Belini.
Mercado
Depois de bater recorde histórico de vendas em agosto, a indústria brasileira sofreu um tombo de 31,4 por cento nos emplacamentos de setembro, a 288,1 mil veículos. Apesar disso, a Anfavea manteve suas projeções de desempenho no ano, de alta nas vendas de 4 a 5 por cento, para o recorde entre 3,77 milhões e 3,8 milhões de unidades, e de crescimento de 2 por cento na produção para 3,475 milhões de veículos.
Belini afirmou que as vendas de outubro "seguramente serão bem mais fortes" que as de setembro, que além de serem afetadas pela base de comparação mais forte, tiveram 4 dias úteis a menos que agosto.
A indústria, que segue trabalhando com o benefício de redução do IPI, prorrogado pelo governo do final de agosto para o fim de outubro, fechou setembro com estoque de 313,36 mil veículos, suficientes para 33 dias de vendas, nível considerado normal pela Anfavea.
O presidente da Anfavea afirmou que "seria bom uma renovação" do desconto do IPI, mas disse que a entidade não tratou do assunto com o governo durante as reuniões que ajudaram a definir as regras do novo regime automotivo. Analistas do setor consultados pela Reuters nesta semana, porém, apostam em nova prorrogação do corte no imposto até dezembro.
"A gente acredita que vai prorrogar, porque a indústria automotiva é muito importante para a cadeia industrial e o lobby do setor é muito forte junto ao governo", disse o Rodrigo Baggi, analista da indústria de veículos na consultoria Tendências.
Ele acrescentou que espera que as vendas de veículos deste mês sofram do mesmo efeito de antecipação de compras registrado em agosto, mas numa intensidade menor. "É natural que tenha corrida às lojas até a última semana de outubro, mas é muito difícil ter novo recorde (de vendas)".
(Por Alberto Alerigi Jr.)