Presidente quer cooperativas para fugir do sistema financeiro tradicional
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Em discurso a portas fechadas para cerca de 30 representantes da Organização das Cooperativas do Paraná, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a necessidade de mobilização do setor e enfatizou que assim eles poderão fugir do sistema financeiro tradicional e ter conseqüente redução de juros.
“Nós estamos criando as condições para facilitar (criação de cooperativas), até porque eu acho que quanto mais cooperativa de crédito nós tivermos, mais a gente vai fazer com que o sistema financeiro reduza o spread bancário”, disse o presidente, em entrevista, após mais de duas horas de encontro.
“Sou amante das cooperativas e acredito piamente que é uma forma justa de produzir riqueza e fazer com que esta riqueza seja partilhada por todos que trabalham”, afirmou Lula, que passou dois dias em Foz do Iguaçu, mesclando compromissos de presidente e candidato.
Na noite anterior, na cerimônia de abertura da convenção da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná, ao falar sobre o mesmo tema e salientar que “sonha em transformar o Brasil no maior país cooperativado do mundo”, reconheceu que para a economia se manter em desenvolvimento são necessárias medidas que baixem os juros e ajustem o câmbio: “Precisamos crescer mais? Precisamos. Os juros precisam cair? Precisam. É preciso ajustar o câmbio? É. Mas não pode ser por medida provisória, projeto de lei ou decreto. Temos de criar condições para que as coisas se ajustem com a naturalidade e a firmeza e que não retrocedam no primeiro espirro da economia americana.”
O presidente das cooperativas do Paraná, João Paulo Kosloviski, disse a Lula que o setor quer buscar US$ 15 bilhões no exterior para expandir o crédito às cooperativas para R$ 80 bilhões nas operações ligadas ao agronegócio.
Lula lembrou que houve tempo em que se tinha “muita desconfiança e impedimento para o funcionamento, particularmente das cooperativas de crédito, porque algumas não deram certo”. Fez questão ainda de destacar as mudanças promovidas em seu governo, em favor do sistema, e criticou a burocracia que impede a expansão das cooperativas. “Existia uma política determinada, no governo, com o objetivo de atrapalhar a instalação de cooperativas com a justificativa de que seria colocar dinheiro na mão de quem não administraria corretamente e o Tesouro teria de arcar com os prejuízos.” Lula insistiu que apela aos prefeitos para que provoquem pequenos empresários e comerciantes para que se organizem em cooperativas “e fugirem do sistema financeiro tradicional”.